As vendas dos supermercados e de combustíveis iniciaram o quarto trimestre com queda acentuada, puxando para baixo o desempenho do setor varejista no Brasil, reiterando a dificuldade de a economia voltar a crescer mesmo diante da descompressão da inflação. Em outubro, as vendas no varejo restrito (descontado o setor automotivo e de material para construção) recuaram 0,8% na comparação com o mês anterior (com ajuste sazonal), quarto mês seguido de perdas e pior leitura para o mês desde 2008, quando houve perdas de 1,1%. As vendas do comércio restrito apresentaram queda de 8,2% na comparação com o mesmo período de 2015, a queda mais forte para outubro nessa base de comparação na série histórica iniciada em 2000. As vendas do varejo restrito acumulam retração de 6,7% no ano e recuo de 6,8% em 12 meses.
Em relação ao varejo ampliado, que inclui as vendas ao consumidor de veículos e de material para construção, as vendas caíram 0,3% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com outubro de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 10% em outubro de 2016.
Apesar de dos oito segmentos do varejo restrito acompanhados pela pesquisa, apenas três apresentarem queda das vendas em outubro, observa-se que os setores de maior peso ainda seguem tropeçando na recessão: supermercados e combustíveis. Por esse conceito, pressionaram o resultado de outubro as quedas marginais de 0,6% no setor de supermercados e de 1,7% nas vendas de combustíveis e lubrificantes. Com destaque para o segmento de supermercados, cuja queda nas vendas vem na contramão do desempenho benigno dos preços dos alimentos em domicílio que têm apresentado deflação nos principais índices ao consumidor.
Na avaliação da REAG, o cenário para o setor varejista não deve apresentar mudança no curto prazo, frente à perspectiva de manutenção da deterioração do mercado de trabalho ao longo do primeiro semestre do ano que vem, com destaque para as perdas reais de renda e eliminação de postos de trabalho no mercado formal. Estimamos que a taxa de desemprego se fechará 2016 próxima de 11,5%, devendo subir para 13,5% em 2017. Além disso, o desempenho no varejo é reflexo direto da degradação no segmento de crédito por conta da oferta mais seletiva e cara em função dos juros elevados.