Varejo deve registrar perdas até o final do ano, com a desaceleração no conceito ampliado se arrastando até o 1º trimestre de 2017
O comércio varejista segue afetado pelas condições restritivas do crédito e pela contração da renda real dos consumidores, fato corroborado pelos dados de julho do setor divulgado hoje pelo IBGE. Na avaliação da REAG, ainda há espaço para um aprofundamento da queda até o final do ano, com um ritmo lento de recuperação em 2017. Além do aperto no crédito e na renda, no conceito restrito as vendas no varejo voltaram aos níveis de 2012 e estão quase 12% abaixo da máxima histórica, atingida em novembro de 2014. Já o varejo ampliado está em torno de 20% abaixo do melhor patamar, atingido em agosto de 2012.
As vendas do comércio varejista restrito (que exclui as atividades de material de construção e de veículos) caíram 0,3% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal. Após subir 0,3% em junho, o dado de julho praticamente neutralizou o resultado positivo do mês anterior. O número veio de encontro à estimativa da REAG. As vendas do varejo restrito acumulam retração de 6,7% no ano e recuo de 6,8% em 12 meses. Quanto ao varejo ampliado, que inclui material de construção e veículos, as vendas recuaram 0,50% em julho ante junho, também na série com ajuste sazonal. Até julho, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 9,4% no ano e recuo de 10,3% e 12 meses.
A leitura dos dados de julho sinaliza que as vendas do varejo ainda devem demorar a reagir aos primeiros sinais de melhora da confiança do consumidor, reforçando o cenário de que a economia entrou em uma fase de estabilização. Puxados pelo emprego e pela renda, o varejo ainda deverá patinar em um patamar neutro até que o mercado de trabalho reaja mais positivamente. Nesse cenário de estabilização são esperados alguns comportamentos erráticos de algumas variáveis, em especial daquelas que apresentam efeito inercial maior como as do setor varejista. Esse é o caso do comércio varejista ampliado, cujo recuo de julho, aprofundando a queda de 0,2% do mês anterior, deverão se repetir até o primeiro trimestre de 2017. Contudo, não descartamos a possibilidade de alguma movimentação positiva do setor ainda em 2016, com conta do início do ciclo de desaceleração dos juros esperado para o fim deste ano.