O comércio varejista voltou a decepcionar em janeiro, tendo registrado queda marginal (sobre dezembro, descontado os efeitos sazonais) do volume de vendas de 0,7% no conceito restrito (que desconsidera o setor automotivo e de materiais para construção) e uma ligeira queda de 0,2% no ampliado. Na comparação com janeiro do ano anterior, todas as atividades do varejo também registraram retração em janeiro deste ano: -7% no varejo restrito (a 22ª queda consecutiva) e -4,8% no ampliado. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgadas ontem pelo IBGE. Apesar das perspectivas positivas de crescimento lento e gradual da economia, o varejo somente voltará a crescer quando houver recuperação sustentável no mercado de trabalho, o que deverá começar a acontecer somente a partir do terceiro trimestre deste ano.

Além do fato de o mercado de trabalho estar remando contra a maré para a recuperação do comércio varejista nos próximos meses, o custo das operações de crédito para aquisição de bens ainda se encontra em nível elevado. Apesar de a pressão da inflação sobre a o orçamento das famílias ter recuado, a queda real na massa de salários pagos tem impactado negativamente o desempenho do comércio varejista.

Em janeiro, a maior queda no varejo foi no segmento de supermercados, com retração de 7% nas vendas, a redução mais acentuada desde junho de 2003, quando caiu 8,6%. No caso do varejo ampliado, que inclui as vendas de carros e material de construção, houve redução no ritmo de perdas. A queda foi de 4,8%, com recuo de 0,3% em material de construção e retração de 4,6% em veículos. O resultado negativo do setor automobilístico, no entanto, foi o menor desde março de 2015, quando a queda nas vendas foi de 3,7%. Apesar da surpresa negativa, continuamos apostando que as vendas do comércio, tanto restrito quanto ampliado, se manterão inalteradas em 2017, voltando a crescer somente em 2018.