O varejo registrou no ano de 2016 perdas recordes. As vendas no varejo restrito (exclui os setores automotivo e de material para construção) foram 6,2% menores do que as vendas em 2015, enquanto pelo conceito ampliada recuaram 8,7% para a mesma comparação, ambas perdas recordes da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2001 pelo IBGE. Esses números são reflexo do cenário macroeconômico que o país está inserido há mais de dois anos: recessão, crédito caro e restrito, desemprego em alta, taxa de juros elevada e renda real comprimida.
As leituras para o mês de dezembro também decepcionaram, com o volume de vendas do comércio varejista registrado expressiva queda marginal (sobre novembro, descontado os efeitos sazonais) de 2% no conceito restrito e uma ligeira queda de 0,1% no ampliado. Com relação a dezembro de 2015, as vendas recuaram -4,9% no varejo restrito e -6,7% no ampliado. Dos oito segmentos acompanhados pela pesquisa, cinco registraram contração das vendas, com destaque para a queda de 3,1% dos supermercados e similares. Em relação ao varejo ampliado, seu baixo desempenho se deveu exclusivamente ao comércio restrito, tendo em vista que tanto as vendas de Material para Construção (2,1% m/m) como as de Veículos e Autopeças (1,8% m/m) tiveram bom desempenho no mês.
O resultado de dezembro é explicado, em grande medida, pelo desempenho observado em novembro, quando as famílias anteciparam o consumo de bens duráveis em decorrência das promoções de Black Friday. Não obstante esse limitante, os fundamentos econômicos se mantiveram contraídos e contribuíram significativamente para explicar as perdas nas vendas do varejo em dezembro: renda real deprimida; piora da confiança do consumidor e degradação do mercado de trabalho.
Para 2017 projetamos ligeira melhora do rendimento médio, recuperação gradual da confiança dos consumidores, mas crescimento da taxa de desemprego. Em função desse cenário, bem como das atualizações de nossos modelos, prevemos estabilidade (0%) para o volume de vendas em 2017, com recuperação no setor somente em 2018.
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