A decisão do Copom de manter a taxa básica de juros inalterada nos atuais 6,5% ao ano, em anúncio nesta quarta-feira (1º de agosto de 2018), veio em linha com o esperado pelo mercado. O comunicado veio totalmente apático, sem causar qualquer espanto ou emoção no mercado. Foi a terceira vez seguida que o Copom decidiu não alterar a taxa Selic. Na visão do comitê, os efeitos da greve dos caminhoneiros sobre a inflação e a atividade econômica parecem ter sido efetivamente pontuais.
A opção pela manutenção da Selic era sabidamente esperada pelos agentes econômicos, segundo precificação extraída da curva de juros, com a unicidade dos discursos de economistas e operadores, ao contrário do que foi visto antes da reunião anterior. Essa unicidade do consenso de mercado tranquiliza as expectativas em relação à política monetária.
Esse cenário pacificador é um tão quanto distinto ao período que antecedeu a reunião de 20 de junho, quando o dólar chegou para perto dos R$ 4,00, os juros futuros dispararam e o governo interveio pesadamente no mercado para acalmar os ânimos. Foi necessário um arsenal de instrumentos para fazer valer o recado da autoridade de que não há relação automática entre política monetária e cambial, e que o Banco Central é quem toma decisões sobre juros considerando efeito secundário de choques sobre a inflação.
Hoje, o cenário externo ainda traz volatilidade para emergentes, mas o estresse anterior foi amenizado. O dólar fechou no menor nível em dois meses no último dia 25, cotado a R$ 3,69. O mercado também não se abalou nem mesmo quando os índices de inflação mostraram os efeitos da greve dos caminhoneiros, com a certeza de que o impacto seria passageiro.
Ainda assim, o comunicado do Copom se absteve de dar indicações mais precisas sobre próximos passos da política monetária, apesar de o balanço de riscos se manter inalterado. A expectativa da REAG é que o Banco Central deixará a Selic quieta em período de eleição e não há motivos razoáveis para considerarmos, até o momento, que haverá alta de juros neste ano. Isso em um contexto de crescimento lento, elevado nível de capacidade ociosa na economia e expectativas de inflação estáveis em níveis consistentes com as metas, salvo diante de novos e significativos choques.