O Copom responsabilizou a inflação elevada como como um dos motivos da escolha unânime pela oitava manutenção consecutiva da taxa básica em 14,25% ao ano. Também foram mencionadas “incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia”. Apesar de o comunicado do Copom trazer ponderações ao início da queda dos juros, mesmo reconhecendo que as condições para isso vêm ganhando força, a REAG mantém sua posição de que o começo do ciclo de baixa deverá acontecer em outubro deste ano sustentada pelo tom de austeridade no último Relatório de Inflação do Banco Central.
Trazendo avanços na comunicação, esse último comunicado do Copom veio diferente, mais amplo e detalhado, inaugurando a gestão da nova diretoria e presidência do Banco Central, no qual o colegiado reconheceu os avanços incrementais no cenário, como o recuo das expectativas de inflação e a queda das projeções para a inflação em relação ao reportado no último Relatório de Inflação. Mas alguns condicionantes para o início do processo de flexibilização da política monetária foram enumerados, dentre eles, o fato de que as expectativas para o IPCA em 2017 seguem acima da meta de 4,5%.
Levando em consideração as justificativas do Copom e os últimos indicadores econômicos, descartamos a possibilidade de um corte de juros antecipado, em agosto. Em nosso cenário macroeconômico para os próximos meses, entretanto, com os choques dos preços dos alimentos se dissipando, a taxa de câmbio posicionando-se em nível mais apreciado e a expectativa de a política fiscal avançar de forma mais concreta, o ciclo de queda da Selic poderá começar em outubro, com corte de pelo menos 0,25 ponto porcentual, seguindo por cortes de 0,50 ponto porcentual a partir de então.
Destacamos ainda que a decisão de deixar a Selic parada no atual patamar simboliza uma vitória da independência econômica do Banco Central contra a ala política do governo. O reforço à ortodoxia é bem-vindo aos olhos do mercado, após o ministro-chefe da Casa Cicil, Eliseu Padilha, sinalizar desejo do governo pelo corte da Selic. No começo da tarde de ontem, Padilha declarou que o presidente interino Michel Temer “vê com bons olhos” uma redução nos juros. Temer, contudo, afirmou por meio de uma rede social que o Banco Central “tem plena autonomia” para definir a taxa de juros.
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