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RTI: cenário-base do BC prevê o ajuste da política monetária ao nível neutro

Frente à escalada nos preços mais aguda do que vinha vislumbrando e ao risco latente de descumprimento da meta de inflação, o Banco Central (BC) deixou hoje explícito a necessidade de realizar um ajuste mais fino na condução da sua política monetário em direção à normalidade fiscal. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta manhã, trouxe algumas informações adicionais sobre o cenário futuro da economia doméstica vislumbrado pelo Banco Central, reiterando sua intenção de normalização completa da política monetária e de levar a Selic ao nível neutro. Com um juro neutro ainda calculado em 3,00% a.a., isso significaria a taxa básica de juros a 6,50% em termos anuais.

Apesar de o BC admitir aspectos benignos nos indicadores de sustentabilidade da dívida, o RTI pontua que o risco fiscal segue intenso e fazendo pressão sobre os preços domésticos. O documento abalizou que as recentes leituras da inflação têm vindo acima do que era esperado, o que tem exigiu revisar as projeções no curto prazo. Conforme consta do cenário-base da autoridade monetária, para o IPCA em 2021 espera-se alta de 5,8% (mais 0,8 ponto percentual em relação ao RTI anterior), ajuizando a mudança da bandeira tarifária de energia elétrica para o final deste ano, além das recentes elevações nos índices de preços, da pressão dos preços das commodities e do aumento das expectativas de inflação.

No que diz respeito à projeção para 2022, o cenário-base projeta a inflação equiparada à meta, enquanto a de 2023 foi revisada de 3,5% para 3,3%. O PIB deste ano foi revisado de 3,6% para 4,6%, refletindo, segundo o Banco Centra, a resiliência da economia brasileira frente à segunda onda de Covid-19. Em relação à matriz de riscos para a inflação, o documento destaca os advindos do ambiente externo, principalmente diante da possibilidade de uma antecipação da normalização da política monetária dos EUA e dos preços das commodities em moeda doméstica.

Ponderamos, contudo, que os eventuais impactos da retirada de estímulos monetários pelo seu par nos Estados Unidos, o Fed, são considerados relevantes na cenarização do RTI, mas ainda não configuram perigo iminente o suficiente para ser destacado no balanço de riscos. Lembrando que qualquer movimento do banco central norte-americano, por mais previsível, cauteloso e transparente que seja não costuma passar desapercebido para os países emergentes. Ou seja, aparentemente, a autoridade monetária não está dando o valor devido ao risco “Fed” e da dificuldade de cumprimento da meta de inflação para 2022 com a retirada dos estímulos monetários nos EUA.

Em linhas gerais, o RTI, na visão da REAG, não apresentou fatores suplementares que justificariam uma acomodação mais célere da Selic na próxima reunião, ainda que não descarte o contexto e os condicionantes elencados na ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira desta semana.

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