O PIB seguiu retraído no início do segundo semestre deste ano, reforçando nossa expectativa de que a recuperação econômica deve ser postergada para o final de 2017 ou início de 2018 e quando ocorrer, será mais lenta do que se esperava. A leitura do PIB no período de julho a setembro veio com queda de 0,8% em comparação com os três meses anteriores, informou ontem o IBGE. Foi a sétima queda consecutiva do PIB nessa comparação, na mais longa sequência de retrações verificada pelo instituto desde o início da atual série estatística, em 1996. No acumulado em quatro trimestres, a economia encolheu 4,4%. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a queda foi de 2,9%. Os números reforçam nossa projeção de queda do PIB em torno de 3,5% este ano e de que a recessão se arrastará para 2017, quando o PIB deverá registrar perda de 0,5%.
Reiteramos ainda que o PIB do terceiro trimestre confirma que o Brasil vive não apenas uma crise de confiança, mas uma crise de alavancagem. E a questão não se restringe ao problema da política fiscal e ao rombo nas contas públicas, mas diz respeito aos fundamentos econômicos que permeiam o endividamento das empresas e famílias. Apesar de os investimentos e a indústria apresentarem ligeiro acréscimo no segundo trimestre, estimulando os ânimos de investidores e empresários, no mundo real a atividade continuou a descer ladeira a baixo alimentada pela crise no campo político, pelo desemprego e pelo consumo deprimido, que por sua vez, registrou em setembro um ano e nove meses de compressão. Observa-se que a demanda das famílias deve voltar a cair ainda mais no início do próximo ano, puxada pela piora do cenário no mercado de trabalho. Hoje a economia brasileira retrocedeu para o tamanho de seis anos atrás, no patamar equivalente ao PIB do terceiro trimestre de 2010.