Após o Copom anunciar, ontem, a manutenção da Selic em 6,5% ao ano, a REAG reitera seu cenário de manutenção da taxa de juros nesse patamar ao longo do 2º semestre deste ano. Muito provavelmente a política monetária permanecerá inalterada até que as expectativas em relação às eleições presidenciais, em outubro, tomem mais corpo, apesar de esperados apenas impactos temporários na inflação com a greve dos caminhoneiros e a alta do dólar. A decisão, novamente unânime, corroborou a expectativa largamente predominante nos mercados; e, desta vez, veio em linha com a sinalização recente do Copom.
O comunicado sugere que o balanço de riscos observado pelo Comitê sofreu alguma alteração, com aumento adicional do risco externo e diminuição do “risco de a inflação ficar significativamente abaixo da meta no horizonte relevante”. Uma mudança importante no comunicado foi a supressão da sinalização prospectiva a afirmar que “para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente”. Contudo, avaliamos que tal supressão não aumenta a probabilidade de mudança na Selic nas próximas reuniões. Continuamos a atribuir chance largamente preponderante à hipótese que a Selic será mantida nos 6,5% no restante deste ano e no 1º semestre de 2019.
Ainda é possível que uma queda mais forte do real possa pressionar uma elevação de juros no curto, mas ainda há bastante espaço de atuação do Banco Central para defender a moeda. Acreditamos que o Copom esperará até depois das eleições para começar a apertar a política monetária. O comunicado do Copom também reforçou os recentes comentários do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de que a autoridade monetária só irá responder à desvalorização do real se isso causar uma “segundo round” de impacto na inflação, além de reforçar sua fala de que não há relação entre os recentes choques nos preços e a política monetária.