Atenções voltadas para a retomada dos trabalhos legislativos, ata do Copom, inflação e atividade
Poderemos ter a votação da reforma da previdência em 2º turno na Câmara esta semana. O Congresso volta das férias esta semana, após três semanas de recesso parlamentar. Maia quer votar o segundo turno da Previdência entre amanhã e quinta-feira. A expectativa é de que não haverá surpresas. Mas, apesar das boas perspectivas, o cenário externo ainda deve pesar, com Trump sem dar sinais de que vai amolecer na sua guerra comercial contra a China. A trade war assusta o mundo, leva à queda das bolsas e commodities, à corrida para ativos seguros, e afeta o fluxo dos países emergentes. As apostas sobre o ajuste total dos cortes da Selic este ano serão movimentadas esta semana pela ata do Copom (terça-feira), vendas no varejo em junho (quarta-feira), IPCA de julho (quinta-feira), tudo temperando pelo clima em Brasília.
A comunicação da ata do Copom poderá trazer sinais em relação ao tamanho do ciclo de ajuste da Selic. Nova dose de queda de meio ponto da taxa básica em setembro já parece estar contratada, depois de, no comunicado, o Banco Central ter deixado muito clara sua intenção de ampliar o ciclo de baixa no mês que vem. Já os passos do Copom em outubro e dezembro dão jogo e são eles que concentram o foco das especulações.
Teremos ainda o IPCA de julho, para o qual estimamos 0,23%, com núcleos em patamares confortáveis. Ademais, as últimas pesquisas conjunturais de junho, do comércio (PMC) e de serviços (PMS), serão relevantes para dar o tom das estimativas para o PIB do 2º trimestre. Ainda nos próximos dias, o mercado conhece o IGP-DI de julho (quinta-feira) e as primeiras prévias da inflação de agosto, com as parciais do IPC-S (quinta-feira) e IPC-Fipe (sexta-feira). Dados da Anfavea de julho (terça-feira) completam a agenda.
No front internacional, indicadores de balança comercial e de inflação na China serão destaques. Os dados de julho da balança comercial serão relevantes para apontar o impacto da trégua entre EUA e China acordada na reunião do G-20, no final de junho. A inflação do mês passado, por sua vez, será acompanhada com atenção para ajudar a calibrar as expectativas dos agentes em relação a novos estímulos no país, em um momento de retomada das tensões comerciais. No sábado, o presidente foi ao Twitter para dizer que a China pode pagar “dezenas de bilhões de dólares das tarifas impostas pelos EUA porque desvaloriza sua moeda”. Trump também disse que o consumidor americano não será prejudicado, porque não tem inflação no país, e incluiu aí mais uma crítica ao FED, escrevendo que não recebe “nenhuma ajuda da instituição”. As tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em bens chineses foram anunciadas no dia seguinte à decisão do FED de cortar o juro em 25 pontos, quando Powell esclareceu que não se tratava do início de um ciclo de quedas.