Uma possível crise no sistema bancário europeu efetivamente seria prejudicial para o Brasil dada seu alto grau de vulnerabilidade externa. Isso porque o colapso no setor bancário europeu poderia ajudar a frear ainda mais o crescimento da economia mundial, o que seria prejudicial ao Brasil, que está no meio de uma recessão econômica e aposta no setor externo como sua única tábua de salvação para reverter as perdas no seu PIB e voltar a crescer.
As ações dos bancos europeus estão em queda desde o início do ano, pressionando para baixo os índices das principais bolsas europeias e disseminando pânico em outros mercados, como o norte-americano e o japonês. Instituições financeiras da Europa já perderam quase um quarto de seu valor (mais de US$ 240 bilhões) – vide imagem abaixo.
O fato que desencadeou a onda de venda das ações dos bancos europeus foi a divulgação dos resultados financeiros de 2015, que trouxeram prejuízos acima do esperado, associados a estratégias de redução e reestruturação das atividades em 2016. Em outras palavras, o gatilho foi a preocupação de que, depois de registrar perdas significativas, os grandes bancos europeus pudessem enfrentar uma queda nos seus níveis de capital.
Contudo, as razões do colapso ainda são tão complexas quanto as expectativas e reações adversas dos investidores frente à piora da rentabilidade dos bancos em um cenário de:
- queda contínua no preço do petróleo (expectativa de que o barril chegue a US$ 20),
- expectativa crescente de que o Fed não elevará mais a taxa de juros neste ano,
- desaceleração da economia chinesa,
- crescimento fraco da economia mundial,
- volatilidade nos mercado globais,
- taxas de juros negativas,
- pressões regulatórias e
- temores de que a indústria esteja com capitalização insuficiente para enfrentar inadimplência.
Mas acima de tudo, os bancos da área do euro têm aproveitado a vantagem de contrair dinheiro barato emitido pelo Banco Central Europeu (BCE) para reestruturar dívidas que deveriam ter sido registradas como perdas. Estima-se que esses créditos podres podem resultar em perdas entre 1 trilhão a 1,5 trilhão de euros, o equivalente a cinco anos de lucro do setor.
Inicialmente o mercado não sinaliza uma solução para o impasse, mas sinaliza os riscos que este cenário impõe à confiança do mercado global.