A taxa de desemprego nacional chegou ao patamar de dois dígitos pela primeira vez desde o início da série histórica da pesquisa do IBGE, no primeiro trimestre de 2012. De acordo com dados da PNAD Contínua, o porcentual de desempregados foi de 10,2% da população na força de trabalho no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, resultado acima dos três meses anteriores (9%) e também do mesmo período do ano passado (7,4%). A população desocupada, que ultrapassou as 10 milhões de pessoas, cresceu 13,8% (mais 1,3 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2015 e subiu 40% ou mais de 3 milhões de pessoas em um ano. O resultado apurado em fevereiro ainda é preocupante dado que foi o décimo quarto mês consecutivo de alta da taxa de desemprego na série dessazonalizada (gráfico 1).
Vale destacar que parte relevante desse aumento na taxa de desemprego, comparativamente aos trimestres anteriores, se deve a efeitos sazonais, uma vez que historicamente o número de trabalhadores desocupados aumenta no início do ano com o fim de contratos temporários do final do ano. Contudo, além dos temporários, o mercado foi adiante e dispensou também pessoas que estavam efetivas no trabalho
Analisando separadamente os componentes da taxa de desocupação (Figura 1), observamos que apesar do menor crescimento da força de trabalho, a população ocupada continua a recuar. Em outras palavras, embora os menores ganhos reais no domicílio, menos pessoas que estavam fora da força de trabalho têm buscado voltar ao mercado de trabalho com o intuito de compensar eventuais perdas no poder de compra da família. Já a dispensa de contingente de trabalhadores ocupados é reflexo da deterioração das expectativas para a atividade econômica e queda nível de ocupação.
Figura 1: PNAD Contínua, principais resultados do trimestre dez/15 a fev/16 comparativamente ao trimestre anterior (ToT) e ao mesmo trimestre no ano anterior (YoY).
O rendimento médio real, por sua vez, ficou em R$ 1.934 (Gráfico 2), praticamente estável frente ao trimestre de setembro a novembro de 2015, quando estava em R$ 1.954, recuando quase 4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.012). Ao longo de 2015 o aumento do desemprego, que por sua vez reduz o poder de barganha dos trabalhadores, associado ao aumento da inflação, deteriorando possíveis ganhos salariais reais, foram os dois principais vetores de compressão dos salários reais. Assim, podemos afirmar que a intensificação da contração da demanda por mão de obra e manutenção da inflação em patamar significativamente elevado em fins de 2015 e início de 2016 sugerem que essa dinâmica possivelmente se manterá no curto prazo.
Para os próximos trimestres deste ano e da primeira metade de 2017 a REAG espera deterioração no cenário do mercado de trabalho, reflexo da crise na atividade econômica, com maior possibilidade da retomada das contratações em um cenário mais sólido somente no ano de 2018. A REAG projeta que a taxa de desemprego no Brasil suba de 8,5% em 2015 para 11,5% em 2016, podendo ultrapassar os 12% em 2017.
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