Conforme esperado, o tombo da economia brasileira no último trimestre de 2016 foi forte, marcando uma das mais longas recessões da história do Brasil. O PIB encolheu 0,9% no quarto trimestre do ano passado sobre os três meses anteriores, o oitavo trimestre seguido de perdas, informou hoje o IBGE. No terceiro trimestre, com a mesma base de comparação, a queda havia sido de 0,7%. Sobre o quarto trimestre de 2015, o PIB recuou 2,5%. No acumulado de 2016, a economia encolheu 3,6%, contra uma perda de 3,8% no ano anterior, o que acumula uma retração de 7,2% nos dois anos.
As perdas amargadas nos últimos trimestres representam um retrocesso econômico de cerca de 6 anos, puxando o PIB para um patamar equivalente ao terceiro trimestre de 2010.
Diferentemente de outros ciclos recessivos mais longos e intensos vividos pelo país, como os das décadas de 80 e 90, cujos vetores condicionantes estavam atrelados a desequilíbrios externos impactantes no nosso balanço de pagamentos, o atual ciclo recessivo foi originado internamente por uma combinação de políticas monetária e fiscal contracionistas, apimentado por uma crise política.
Para 2017, contabilizamos alguns fatores favoráveis para o PIB brasileiro: a flexibilização da política monetária, o recuo da inflação e a ágil condução das reformas estruturais no Congresso. Por outro lado, ainda depõem contra a retomada do crescimento a deterioração do mercado de trabalho, o nível de alavancagem das empresas e das famílias e os altos níveis de ociosidade da capacidade instalada e dos estoques. Nesse contexto, mantemos nossa postura de que a retomada do crescimento será lenta e gradual, para a qual projetamos que o PIB de 2017 cresça 0,7% em um cenário benigno. Destacamos, entretanto, que ainda não descartamos a possibilidade de registrarmos novas perdas este ano.