Pelo terceiro ano seguido, a economia brasileira apresentou crescimento tímido, em 1,1% em 2019 ante o ano anterior, resultado que veio de encontro às projeções da REAG. Trata-se do menor avanço em 3 anos e a terceira alta anual consecutiva após 2 anos de retração. Contudo, o ritmo lento de recuperação ainda mantém a economia do país abaixo do patamar pré-recessão. Ou seja, entre baixas e altas, o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e tecnicamente se encontra hoje no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2013.
O ano de 2019 começou com o otimismo do mercado em relação ao primeiro ano do governo Bolsonaro e a mediana das estimativas de expansão orbitava entre 2% e 2,5%. Mas o mercado não contava com o desabamento de uma das barragens da Vale em Brumadinho (MG), nem com a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. As incertezas ao longo da tramitação da reforma da Previdência e a recessão na Argentina, importante parceiro comercial do Brasil, também não estavam no radar e contribuíram para o desempenho pífio. Contribuíram também para o resultado de 2019 a lenta recuperação do mercado de trabalho e o desemprego resistente, além da dependência cada vez maior da recuperação dos investimentos privados, em meio ao rombo das contas públicas.
Em 2017 e 2018 o crescimento foi de 1,3% em ambos os anos, após retrações de 3,5% em 2015 e de 3,3% em 2016.
Pela ótica da produção, tanto os serviços como a agropecuária tiveram um crescimento menor em 2019, enquanto a indústria manteve o resultado de 0,5%, com destaque para construção civil que cresceu 1,6% – (1ª alta após 5 anos consecutivos de quedas).
O crescimento da economia em 2019 foi mais uma vez sustentado pelo consumo das famílias, mas o ritmo de recuperação do consumo desacelerou 1,8%, após avanços de 2% em 2017 e 2,1% em 2018. Foi o resultado mais fraco desde 2016, diante da baixa confiança e do mercado de trabalho ainda frágil.
Já os investimentos tiveram uma desaceleração ainda mais forte, registrando uma alta de 2,2% no ano passado após um salto de 3,9% em 2018. Já a despesa de consumo do governo caiu 0,4%, em meio ao rombo das contas públicas e dificuldades orçamentárias.
Após um início de ano de maior otimismo sobre as perspectivas para a economia brasileira, preocupações em torno dos impactos do coronavírus na economia global e incertezas sobre o ritmo de aprovação de reformas no Congresso têm derrubado as projeções para o PIB do Brasil em 2020.
A REAG mantém sua projeção de alta de 2,1% neste ano, com a aposta de que a economia terá apenas crescimento gradual e marginal até o fim do governo Bolsonaro. A estimativa atual do governo para o crescimento da economia em 2020 segue em 2,4%, número que dever ser revisado em breve.