Previdência votada em 1º turno e corte na Selic reacendem ânimos adormecidos no pós lua-de-mel com Bolsonaro
O mês de julho/19 trouxe fatos transformadores para o mercado financeiro e para a economia brasileira. O texto da reforma da Previdência foi aprovado, com folga, no primeiro turno na Câmara dos Deputados, com perspectiva de economia de R$ 900 bilhões em 10 anos, valor muito próximo da proposta original do governo, que previa economizar R$ 1,1 trilhão em uma década. O resultado da votação, antes do recesso parlamentar, reacendeu os ânimos adormecidos após a desilusão amorosa do mercado com o novo governo ao longo da lua de mel do 1º semestre deste ano. A reforma Tributária e a pauta de privatizações voltaram à tona das discussões. Não obstante, o Banco Central anunciou corte de 0,5 ponto porcentual na Selic (a taxa básica de juros) no último dia do mês, nova mínima histórica, dando início a um novo ciclo de cortes. Vemos a SELIC em pelo menos 5,5% até o final do ano. Os juros baixos vieram para ficar e vão durar mais tempo do que se imaginávamos no início do ano. A combinação desses fatores é muito benigna.
Paralelamente ao avanço da Previdência, vieram algumas notícias no front microeconômico, como a liberação do FGTS, que deverá estimular o consumo no curto prazo. Esse estímulo sazonal ao consumo terá estímulo adicional, mesmo que marginal, do novo ciclo de afrouxamento monetário. Do lado da oferta, esperamos que os juros menores levam os investidores a explorarem novas oportunidades em busca de maiores retornos, e a Bolsa é o grande destaque.
Em julho último, o índice Ibovespa chegou a atingir níveis recordes de 106 mil pontos, mas recuou fechando em 102 mil, alta de 0,84% no mês. O mercado aguarda a votação da Previdência no segundo turno da Câmara, esperada ainda nesta primeira quinzena de agosto. A agenda após a Previdência começa a ganhar corpo, o que pode trazer novos horizontes para o Ibovespa. Todos os sinais são positivos. Seguimos vendo a Bolsa como o bom veículo para investimento no Brasil.
Novo ciclo de afrouxamento monetário
Ante movimento de desaceleração da atividade econômica mundial, taxas de juros menores por mais tempo retornaram à agenda. O Banco Central dos Estados Unidos liderou o movimento e reduziu no último dia do mês as taxas de juros em 0,25 ponto porcentual. O consenso de mercado ainda pondera probabilidade expressiva de um corte adicional em setembro. A REAG, entretanto, espera um novo corte somente no final do ano e atribui probabilidade alta de que esse corte não ocorra.
O Banco Central do Brasil também agiu nesse sentido, reduzindo a Selic em 0,5 ponto porcentual em sua última reunião para 6,0%. Inaugura-se, então um novo ciclo de cortes na taxa básica de juros brasileira. Não obstante de o tema ser global, a atual conjuntura doméstica corrobora a decisão da autoridade monetária brasileira por realizar mais cortes adiante, decisão sustentada basicamente na ancoragem da inflação a despeito da retomada lenta e gradual da atividade. A REAG prevê assertivamente mais um corte de 0,5 ponto porcentual em setembro e não descarta a possibilidade de a Selic fechar o ano em 5%.
Diante desse cenário de juros mais baixos por um horizonte de tempo mais longo sustentam nossa visão positiva para a Bolsa: melhor custo de oportunidade para se investir em ações. Além disso, os lucros das empresas também devem ser impulsionados, com despesas financeiras menores. Além disso, as oportunidades de retorno em renda fixa pública e privada ficam mais desafiadoras e os investidores que desejarem retornos mais atrativos, terão que aumentar sua exposição ao risco.
Tensões EUA X China
A temperatura entre os EUA e a China continuam elevadas, acerca das tensões comerciais. Após rodada de discussões em Xangai sem progresso, a Casa Branca destacou que a China pretende estender as negociações até as eleições de 2020 a fim de retomar as negociações com outro governo. Por outro lado, os chineses continuam decididos a não ceder à pressão dos EUA e ameaçam responder às tensões comerciais com uma guerra cambial. Os avanços das tensões comerciais e cambiais precisam ser monitorados de perto, à medida que devem continuar a impactar a economia global. Ainda vemos oportunidades em ter exposição a cíclicos globais nas carteiras, embora com mais seletividade.
Reforma da Previdência avança
A reforma da Previdência continua no radar do mercado e das atenções dos investidores. A economia projetada, de R$ 900 bilhões em 10 anos, supera as expectativas iniciais do mercado de R$ 700 bilhões. Nesse sentido, vemos um movimento positivo na Bolsa adiante, como reflexo da confirmação da aprovação no segundo turno da Câmara, assim como na votação do Senado A votação é esperada para a primeira quinzena de agosto, de acordo com o calendário previsto por Rodrigo Maia. Em seguida, o texto irá para o Senado, onde será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e passará por uma rodada de votação em plenário no final de setembro, ou início de outubro.
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