Ata do Copom abre o caminho para corte da Selic na próxima reunião
Maioria do comitê converge para iniciar cortes já em agosto. A ata da reunião do Copom, divulgada hoje, sinalizou proximidade do início do corte da Selic. Embora o documento tenha reiterado novamente que o cenário de inflação ainda demanda “cautela e parcimônia” na condução da política monetária, a maioria dos membros do comitê reconheceu que as condições para a flexibilização dos juros já poderão estar colocadas na próxima reunião do Copom, em agosto: “a avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo de flexibilização monetária na próxima reunião”.
Entretanto, ainda permanecem divergências no comitê. A ata explicitou divergências a respeito dos próximos passos do comitê, já que alguns membros ainda exibem dúvidas acerca da consistência do processo de desinflação, além de incertezas quanto ao nível de ociosidade da economia. Dessa forma, entedem ser “necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo.”
Copom deverá iniciar ciclo de cortes de forma gradual, com queda de 25bp. Várias são as razões que nos levam a acreditar que o Copom irá optar por maior conservadorismo e iniciar o ciclo em agosto com um corte de 25bp. A primeira delas é explicitação das divergências sobre os próximos passos do comitê, o que naturalmente tende a tornar a condução da política monetária mais cauteloso. A segunda, é a reiterada ênfase na “parcimônia”, expressão normalmente utilizada pelo comitê para sinalizar a ideia de gradualismo. Em terceiro, há um amplo consenso no comitê quanto à avaliação de que o estágio de desinflação rápida já se encerrou, e que no atual estágio “a velocidade do processo de desinflação é menor”, com os núcleos de inflação respondendo lentamente aos efeitos da demanda agregada. Por fim, o comitê entende que o gradualismo seria uma estratégia preferível como forma de evitar a reversão no (incipiente) processo de reancoragem das expectativas de inflação, que ainda se encontram “desancoradas”.