Projeções Broadcast: Balança de junho deve ter superávit de US$ 11,0 bi, recorde da série
Por Cícero Cotrim e Guilherme Bianchini
São Paulo, 29/06/2021 – A balança comercial brasileira deve registrar em junho o maior superávit mensal da série histórica iniciada em 1989, de US$ 11,0 bilhões, mostra a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast. O recorde atual, de abril deste ano, é de saldo positivo de US$ 9,98 bilhões.
Todas as 20 instituições consultadas estimam saldo positivo em junho, entre US$ 9,10 bilhões e US$ 12,30 bilhões. Em maio, o País teve superávit comercial de US$ 9,291 bilhões, recorde para o mês na série.
O mercado também prevê saldo positivo recorde para a balança comercial em 2021. A mediana da pesquisa, de US$ 71,95 bilhões, é quase 25% superior ao superávit de US$ 56,037 bilhões registrado em 2017, o maior até hoje. As 14 estimativas vão de US$ 62,50 bilhões a US$ 78,20 bilhões. Em 2020, a balança comercial ficou positiva em US$ 50,393 bilhões.
A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex) divulga os números da balança comercial de junho nesta quinta-feira, 1º, às 15 horas.
Balança comercial de junho
Sumário Junho (US$ bi) 2021 (US$ bi)
Mediana 11,000 71,950
Média 10,792 71,899
Mínima 9,100 62,500
Máxima 12,300 78,200
Contagem 20 14
Fonte: Projeções Broadcast
Analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast afirmam que o superávit recorde esperado para junho deve ser sustentado pelo alto nível das exportações de commodities, ainda não afetadas pela recente queda dos preços em dólares e pela valorização do real. Até a terceira semana de junho, a balança acumula superávit de US$ 7,151 bilhões, resultado de US$ 18,380 bilhões em exportações e de US$ 11,229 bilhões em importações.
A economista-chefe da REAG Investimentos, Simone Pasianotto, afirma que o movimento de apreciação do real em relação ao dólar ainda não vai ser sentido na balança, já que questões comerciais normalmente são atreladas a contratos mais longos, de dois a três meses. Por isso, a analista espera superávit de US$ 10,6 bilhões em junho, resultado de exportações de US$ 28,3 bilhões e importações de US$ 17,7 bilhões.
A valorização das commodities e a recuperação econômica de China, Estados Unidos e Europa aparecem novamente entre as principais causas para o desempenho positivo esperado, com destaque para as exportações de minério de ferro, petróleo e soja. As vendas de manufaturados, porém, devem seguir abaixo do nível pré-pandemia. “Precisamos de recuperação mais forte da indústria para ter essa retomada. Ainda está bem morosa”, diz Pasianotto.
O impacto da valorização do real e do alívio nos preços já será grande em julho, de acordo com a economista. A estimativa é de saldo superavitário de US$ 4,3 bilhões, abaixo dos US$ 7,6 bilhões verificados em julho de 2020. No cenário previsto pela REAG, os efeitos do câmbio se estendem até setembro, quando o dólar deve iniciar nova trajetória de apreciação, para R$ 5,07, chegando a R$ 5,19 em novembro.
Para o economista-chefe da Parallaxis, Rafael Leão, o desempenho das exportações de algodão bruto, café, soja, farelo de soja, minério de ferro, minério de cobre e carnes ao longo das três semanas de junho são suficientes para justificar a expectativa de superávit comercial de US$ 12,3 bilhões. O analista lembra ainda que a demanda doméstica enfraquecida e o real ainda desvalorizado em termos históricos inibem uma retomada das importações no País.
Nos próximos meses, Leão espera redução dos saldos comerciais, com a acomodação dos preços de commodities e a valorização da moeda brasileira. A retomada da atividade, diz o analista, ainda deve contribuir para uma recuperação das importações. “O saldo final entre arrefecimento das exportações e aumento da demanda por importações levaria a uma redução do saldo nas próximas divulgações”, diz o economista.
Balança comercial de junho
Instituições Junho (US$ bi) 2021 (US$ bi)
LCA Consultores 9,100 75,000
Goldman Sachs 9,700 N/D
ASA Investments 9,800 78,200
Itaú Unibanco 9,800 77,000
UBS BB 10,000 N/D
Pezco 10,300 62,500
REAG Investimentos 10,600 70,900
Tendências 10,600 70,800
Rabobank 10,700 N/D
BTG Pactual 11,000 74,000
Greenbay Investimentos 11,000 73,000
Infinity Asset 11,014 N/D
SulAmérica Investimentos 11,100 73,000
Banco MUFG Brasil 11,300 65,500
Austin Rating 11,373 68,700
Barclays 11,500 N/D
GO Associados 11,500 N/D
Petros 11,550 70,188
Santander Brasil 11,600 77,800
Parallaxis 12,300 70,000
Fonte: Projeções Broadcast
Contato: cicero.cotrim@estadao.com e guilherme.bianchini@estadao.com
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