JOVEM PAN
Por Gabriel Rosa
01/09/21
Após PIB negativo, inflação alta, desemprego e crise hídrica colocam em xeque recuperação da economia
Retração de 0,1% no segundo trimestre deve desencadear onda de revisões para baixo das previsões para a retomada
A queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre indica cautela com as previsões para a recuperação da economia brasileira em 2021. Se antes a pandemia do novo coronavírus era o principal entrave para a retomada, agora se somam ao cenário negativo a persistência da inflação muito acima do teto da meta, a manutenção do desemprego em patamar elevado e a crise hídrica. O resultado, abaixo do consenso de avanço de 0,2% do mercado financeiro, evidencia a perda de fôlego das atividades após a alta de 1,2% entre janeiro e março, e quebra a sequência de três períodos seguidos de desempenhos positivos. O dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve desencadear uma onda de revisões para baixo das previsões do desempenho da economia neste ano. Este movimento já vem sendo observado pelo Boletim Focus, a pesquisa do Banco Central com mais de uma centena de instituições, que há três semanas seguidas mostrou o arrefecimento do otimismo, passando de uma previsão de alta de 5,3% para 5,22%.
Dos três setores que formam o PIB, o agronegócio e a atividade industrial apresentaram retração, e o único resultado positivo, da prestação de serviços, veio abaixo do esperado. A alta de 0,7% do setor, o mais relevante para a composição do indicador, e a estagnação do consumo das famílias, reforçam a necessidade de frear as expectativas para o avanço das atividades econômicas. “Era esperado um número melhor por conta do auxílio emergencial, mas o consumo ainda está bastante restrito”, afirma a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. Segundo ela, o consumo das famílias está 1,6% abaixo do patamar visto no primeiro trimestre de 2020, e 3% aquém do registrado nos três últimos meses de 2019. “O resultado do segundo trimestre mostra que essa recuperação vai ser mais lenta do que o esperado, e isso deve impactar diretamente no desempenho do PIB”, diz.