A estratégia de Lula como “superministro” é tentar matar três coelhos com uma única cajadada: salvar Dilma do impeachment, se salvar da investigação do juiz Sergio Moro e ressuscitar a economia e o PT, ambos em estado terminal. Se tiver sucesso nessa difícil empreitada, seu lugar como Presidente da República é certo em 2018. Na prática, ao assumir a Casa Civil, o ex-presidente Lula começa seu terceiro mandato na Presidência do Brasil e lança “oficialmente” sua candidatura para 2018.
No papel de ministro do governo Dilma, Lula acende uma vontade feroz da oposição de acelerar a votação do impeachment no Congresso, cujo sucesso da empreitada está diretamente atrelado à saída do PMDB da base aliada do governo. Nesse caso, é factível dizer que Lula leva vantagem sobre Dilma quando o assunto é negociar com o PMDB.
Além disso, o patriarca petista é alvo de uma enxurrada de denúncias de lavagem de dinheiro, oriundas de delações premiadas. Sua ida à Casa Civil claramente se configura como uma fuga do juiz Sergio Moro em Curitiba, por meio do foro privilegiado. No entanto, por quanto tempo Lula conseguirá se desvencilhar do julgamento é algo que vai depender da boa vontade do STJ.
Lula também tem a difícil tarefa de retomar a popularidade do PT frente ao desmoronamento da economia, engolida pela recessão. Mas experiência é o que não lhe falta, lembrando que Lula já teve que tirar o PT da lama após a crise do Mensalão.
Contudo, o ponto mais frágil da estratégia Lulista é a economia. O sucesso dessa tarefa dependerá de qual plano adotará. Dado que o populismo econômico petista se esgotou, quais os truques que o novo superministro guarda nas mangas para ressuscitar a economia? Usar as reservas internacionais para abater a dívida pública, dar autonomia ao Banco Central? Qual será a estratégia brilhante que Lula pretende adotar para reverter a inflação de dois dígitos e reduzir pela metade o nível de desemprego? Mas nada será tão brilhante se o ajuste fiscal não for efetivamente realizado.
A partir de agora, o foco econômico e político estará sobre Lula, enquanto Dilma ficará na penumbra. Em outras palavras, o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff acabou. Ao anunciar Lula como novo titular da Casa Civil, é concomitantemente anunciada a “renúncia branca” de Dilma, que viverá à sombra de seu antecessor como “presidente emérita” do Brasil.
Assim, Lula ganha espaço de sobra na mídia para iniciar sua campanha eleitoral como sucessor de Dilma, além de aproveitar a oportunidade para reiterar sua imagem de figura política perseguida e apimentar seu discurso populista de pai dos pobres.