A inflação oficial medida pelo IPCA desacelera para 0,90% em fevereiro, após alta de 1,27% em janeiro, divulgou nesta manhã o IBGE. Em fevereiro de 2015, o IPCA apontou inflação de 1,22%. O indicador ficou abaixo da projeção da REAG de 1,1%. No acumulado dos dois primeiros meses deste ano, o indicador registra elevação de 2,18%, resultado menor se comparado ao mesmo período de 2015, quando a inflação era de 2,48%. Em 12 meses, o IPCA sinaliza alta de 10,36%.
Destacamos, contudo, que o IPCA de fevereiro de 2016, apesar de ter sido menor do que o de fevereiro de 2015, o qual foi impactado na época pelo reajuste da energia elétrica, é uma das maiores taxas para o mês dentro da série histórica. Em outras palavras, o abrandamento no IPCA de fevereiro não significa efetivamente que os preços caíram, mas que apenas alguns itens desaceleraram, uma vez que o nível de preços continua historicamente alto.
A desaceleração nos preços era esperada, apesar de ainda se encontrar bastante acima do teto da meta do governo, de 6,5%. Dos nove grupos que compõem o IPCA, apenas quatro registraram taxas mais baixas, com destaque para o grupo Habitação, cuja desaceleração foi influenciada pela tarifa de energia elétrica mais barata. As contas tiveram queda de 2,16% em fevereiro considerando a taxa extra cobrada da bandeira tarifária vermelha, que passou de R$ 4,50 para R$ 3 em cada 100 quilowatts consumidos. Os demais grupos que apresentaram arrefecimento nos preços foram Alimentação e Bebidas, Transporte (passagens aéreas) e Despesas Pessoais.
No caso dos alimentos, além da redução do consumo a desaceleração nos preços deve-se à safra. Lembrando que o primeiro semestre se caracteriza pela entrada da safra no mercado, com maior oferta de produtos como cebola, batata e tomate. Frente ao consumo reprimido pela recessão econômica, a expectativa é de que a oferta seja maior do que a demanda, pressionando assim os preços para baixo. No caso dos transportes, a queda dos preços das passagens áreas ocorreram por causa da baixa demanda.
Por outro lado, os gastos com educação representam a maior alta em fevereiro, cujas despesas subiram de +0,31% em janeiro para +5,90% no mês seguinte, reflexo do período de início das aulas. Apesar de a inflação ter fechado 2015 em mais de 10%, o repasse para os itens de Educação ficou em 8%, em média. Isso demonstra certa cautela por parte dos empresários em repassar os aumentos de custos para o preço final das mensalidades escolares.
Em linha com o IPCA, a inflação medida pelo IGP-DI ficou em 0,79%, em fevereiro. A taxa é menor que a de janeiro deste ano (1,53%), mas superior a fevereiro de 2015 (0,53%). O IGP-DI acumula taxas de 2,33% no ano e 11,93% em 12 meses, segundo informou ontem a FGV. A soja ficou mais barata em fevereiro e ajudou a desacelerar os preços no atacado dentro do IGP-DI.
Temos ainda o IPC-Fipe, que mede a inflação da cidade de São Paulo, o qual registrou alta de 0,80% na primeira quadrissemana de março, mostrando desaceleração frente à leitura de fevereiro, quando o IPC avançou 0,89%, segundo pesquisa divulgada hoje Fipe. Na primeira estimativa de março, quatro grupos de produtos desaceleraram os preços em relação ao resultado do mês passado: Habitação, Alimentação, Transportes e Educação.
Esperamos que os próximos resultados de indicadores de inflação venham apontando desaceleração pressionados pela queda na demanda, apesar de a REAG não descartar a possibilidade de o IPCA fechar o ano de 2016 com alta entre 7% e 8%.