O índice de inflação oficial, o IPCA, desacelerou de 0,44% para 0,29% na passagem de dezembro para janeiro, o menor resultado para o mês desde a criação do Plano Real em fevereiro de 1994, enquanto as estimativas apontavam para uma alta de 0,41% no mês passado. Em base anual, o avanço foi de 2,86%, também abaixo das projeções de 2,98%. Uma inflação controlada gera expectativa de que o Banco Central conseguirá manter os juros no nível atual por mais tempo, como alimenta o “recado” deixado pelo Copom ontem de que o corte anunciado ontem foi o último do atual ciclo de ajuste monetário: a décima-primeira queda consecutiva baixou a taxa para 6,75% ao ano, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, em 1999.
A tarifa de energia elétrica ficou 4,73% mais barata em janeiro, e foi o principal responsável pela inflação bem menor ao esperado pelo mercado. O item deu uma contribuição de -0,17 ponto porcentual no IPCA de janeiro. O movimento se deve à substituição da bandeira tarifária vermelha patamar 1 em vigor em dezembro pela bandeira verde em janeiro, dando fim à cobrança do adicional de R$ 0,03 por cada kWh consumido. Além disso, houve redução na alíquota de PIS/Cofins em algumas das regiões pesquisadas. Apenas Porto Alegre teve elevação na energia elétrica (5,00%), devido ao reajuste de 29,60% em uma das concessionárias a partir de 21 de dezembro. Nas demais regiões, as variações oscilaram entre -8,03% em Belém e -0,39% em Vitória. Como resultado, o grupo Habitação teve queda de 0,85% em janeiro, após já ter recuado 0,40% em dezembro. O gás de botijão ficou 0,32% mais barato em janeiro, como consequência da redução de 5,00% no preço nas refinarias do gás de cozinha vendido em botijões de 13 kg, anunciada pela Petrobras em 19 de janeiro.
Quanto ao resultado fechado de fevereiro, esperamos inflação entre 0,30% e 0,40%, em função da aceleração nos preços de Educação (em alta sazonal) e de Habitação (diluição do alívio registrado com a bandeira verde em janeiro), de Vestuário (perda de ímpeto deflacionário do grupo) e por nova alta em Transportes, em boa medida por conta de combustíveis. A despeito deste IPCA ter registado taxa aquém do que esperávamos, mantivemos nossa projeção de +4% para 2018, já que os preços administrados foram revistos para cima no ano.