Surpreendendo as estimativas, a leitura do IPCA de fevereiro apontou inflação de 0,33%, ratificando nossa aposta de aceleração no ritmo de corte da taxa básica de juros pelo Copom, de 75 basis points (bp) nas duas últimas reuniões, para 100 bp na próxima reunião, agendada para 11 e 12 de abril. A taxa de fevereiro foi o menor IPCA para fevereiro desde 2000, reforçando, também nossa expectativa de que a inflação de 2017 fique abaixo do centro da meta, atualmente de 4,5%. Assim, na nossa avaliação, a combinação de inflação mais branda e de uma economia ainda adormecida deve fazer com que o Banco Central corte os juros de forma mais antecipada do se esperava, fazendo com que a Selic caia dos atuais 12,25% a.a. para 11,25% no mês que vem.
A descompressão nos preços é inegavelmente fruto da demanda fraca, mas com menor peso no caso do resultado de fevereiro frente ao impacto que teve a redução nos preços dos alimentos. Não obstante as futuras pressões das tarifas de energia elétrica esperadas nos próximos meses, o processo de descompressão inflacionário deverá perpetuar, fazendo com que o IPCA feche o ano de 2017 muito próximo de 4%. Já para a Selic, projetamos que os próximos dois cortes sejam da ordem de 100 bp (abril e maio), seguido de reduções de 75 bp e de 50 bp (julho e setembro) e de 25bp nas duas últimas reuniões (outubro e dezembro), resultado numa taxa de 8,50% em dezembro de 2017.
Reiteramos, contudo, que o cenário apresentado acima considera baixa, mas não inexistente, a probabilidade de impactos adversos vindos da Lava-Jato ou de Brasília, assim como também considera baixa, mas existente a possibilidade de uma mudança drástica nos juros americanos.