A inflação oficial brasileira desacelerou mais do que o esperado em abril, mas ainda assim permaneceu acima da meta oficial e se aproximou de 5% em 12 meses depois de o Banco Central ter avaliado que o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico. O IPCA subiu em abril 0,57%, ante 0,75% no mês anterior, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Apesar da desaceleração, trata-se da maior taxa para um mês de abril desde 2016, quando o índice foi de 0,61%. A inflação de abril foi pressionada principalmente pela alta dos preços de alimentos, combustíveis e remédios.
No acumulado em 12 meses, o IPCA passou a avançar 4,94%, ante 4,58% em março, permanecendo acima do centro da meta oficial de inflação do governo para 2019, de 4,25% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. %. Segundo o IBGE, trata-se do maior índice para o período de 12 meses desde janeiro de 2017 (5,35%). Ambos os resultados (MoM e YoY), entretanto, ficaram abaixo das expectativas do consenso de mercado, que projetavam altas de 0,63% na base mensal e de 5,00% em 12 meses.
A expectativa do Banco Central era de a inflação no Brasil atingisse um pico em torno de abril ou maio, para depois recuar para patamar abaixo do centro da meta deste ano. A taxa em 12 meses ainda embute o salto que o IPCA deu em meados do ano passado como reflexo da greve dos caminhoneiros, e ficará alta até junho. Somente a partir de junho é que teremos uma noção mais clara do comportamento da inflação em 12 meses com o fim do efeito da greve.
Na quarta-feira, o Banco Central reconheceu mais sinais de fraqueza econômica ao manter a taxa básica de juros em 6,5 %, mas ressaltou que o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico, calculando a inflação a 4,1 % em 2019.
A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC mostra que os economistas projetam alta do IPCA este ano de 4,04 %, indo a 4 % em 2020. A REAG projeta uma inflação abaixo do centro da meta do governo, com uma taxa de 4% em 2019, se mantendo nesse patamar em 2020. Em seu comunicado sobre a decisão de manter a taxa de juros inalterada, o Copom disse na quarta-feira (8 de maio) que o processo de reformas e ajustes na economia brasileira é “essencial” para a manutenção da inflação baixa no médio e no longo prazos.