Após desacelerar por dois meses seguidos, a inflação oficial, medida pelo IPCA, subiu para 0,61% em abril, ficando significativamente acima do teto das estimativas de mercado, que variavam de 0,46% a 0,56%, informou esta manhã o IBGE. O IPCA passou de 1,27% em janeiro, para 0,9% em fevereiro, caindo para 0,43% em março. A surpresa ficou por conta dos preços dos alimentos que vieram mais salgados do que os economistas previam. Contudo, a inflação acumulada em 12 meses até abril, de 9,28%, atingiu o menor patamar desde junho de 2015, quando estava em 8,89%. A desaceleração na taxa acumulada em 12 meses teve início em fevereiro deste ano, quando diminuiu de 10,71% em janeiro para 10,36% em fevereiro, recuando para 9,39% em março. Observa-se também ritmo de desaceleração em outras comparações: a taxa de abril último é a menor para o mês desde 2013, quando registrou alta de 0,55% e no acumulado deste ano, o IPCA contabilizou inflação de 3,25%, enquanto no mesmo período do ano passado, o aumento acumulado foi de 4,56%.
Os principais itens que contribuíram para a aceleração de abril foram: aumento do preço dos medicamentos (reflete parte do reajuste de 12,50% desde 1º de abril); os reajustes de água e esgoto, e o aumento das tarifas da telefonia celular. O Grupo Alimentação, embora tenha desacelerado de 1,24% para 1,09%, também pesou na inflação do mês e adicionou outro 0,28 ponto ao IPCA de abril. Por outro lado, a energia elétrica (queda de 3,11%) foi o item que exerceu o mais expressivo impacto para baixo devido ao fim da cobrança extra da bandeira tarifária.
Para maio a REAG mantém sua aposta de que os preços dos alimentos continuarão a perder fôlego, mas o IPCA contará, por outro lado com a pressão de alta nos preços das tarifas de água e esgoto (encerramento do programa de bônus da Sabesp, em São Paulo), bem como pelo aumento esperado para energia elétrica e para os gastos com os empregados domésticos (alteração metodológica promovida pelo IBGE). Assim, a REAG projeta que o IPCA de maio venha ainda mais salgado do que abril, apontando inflação de 0,63%.
Frente a tais números, a expectativa da REAG é de que a desaceleração da inflação, esperada para os próximos meses, se manterá, mas em ritmo mais ameno, com o IPCA acumulado em 12 meses até maio de 9,28%, ou seja, o quarto mês consecutivo de recuo nessa leitura. Para 2016, esperamos que a inflação oficial fique em torno dos 7%, ainda distante do teto da meta inflacionário, cuja banda vai de 2,5% até 6,5%.
Diante de tal cenário e face à Ata do Copom, divulgada ontem, não descartamos a possibilidade de o Banco Central adiar o início do ciclo de cortes na Selic para meados do segundo semestre deste ano, apesar de REAG ainda manter sua aposta para o início em agosto. Além do fato de a inflação estar arrefecendo em ritmo mais moderado, na Ata o Copom o Banco Central trouxe a política fiscal expansionista como um novo ingrediente de preocupação ao cumprimento da meta inflacionário.