Estudos que aferem a probabilidade da saída antecipada da presidente Dilma Rousseff da Presidência via impeachment são bastante questionáveis frente ao movimento de negociação do governo com os partidos da base aliada (PP, PTN, PSD e PR) em troca de cargos nos primeiro e segundo escalões e da polarização em torno dos argumentos de a presidente ter cometido ou não crime de responsabilidade.
A saída do PMDB do governo motivou a negociação com partidos que podem ajudar a presidente a recolher votos suficientes para evitar seu afastamento via impeachment. Paralelamente, a lei do impeachment, de 1950, é ampla ao definir os crimes de responsabilidade que podem servir de motivo para o impedimento da presidente, assim como as argumentações para o impeachment abrem espaço ao debate sobre sua legitimidade. Tais fatores reduzem fortemente a probabilidade de assegurar que o processo será aprovado ou rejeitado.
Nesta semana, a consultoria Eurasia, usualmente utilizada como fonte de análise por bancos e gestoras do país, reduziu a probabilidade de impeachment de um intervalo entre 60% e 70% para o piso da projeção: entre 40% e 60%. O recuo da aposta da consultoria deve-se basicamente às indefinições políticas e jurídicas que permeiam o processo de impeachment.
A Eurasia, prevê 75% de probabilidade de saída precoce de Dilma (seja por impedimento ou por convocação de novas eleições), 40% de chance de o vice Michel Temer chegar ao fim do mandato, 35% de haver nova eleição e 25% de chance de Dilma terminar o mandato, em 2018. A REAG, por sua vez, limita-se a afirmar que o impedimento de Dilma na Presidência da República é ainda algo de difícil mensuração probabilística, se limitando a apostar, no máximo, em igual probabilidade de o impeachment ser ou não ser aprovado pelo Congresso, uma vez que há muita incerteza envolvida no processo. Por outro lado, a REAG ressalva que a defesa de novas eleições tem ganhado força nos últimos duas.