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Deterioração do crédito e desemprego aprofundam perdas no varejo em setembro

A deterioração nas condições de crédito e o desemprego ascendente levaram o varejo a registrar novas perdas em setembro. O ritmo de desaceleração das vendas no varejo brasileiro aumentou em setembro e o setor registrou o pior resultado para o mês em 14 anos, encerrando o terceiro trimestre com recuo acentuado e indicando que a recuperação da economia do país ainda caminha arrastada. As vendas varejistas no conceito restrito (excluído material de construção e setor automotivo) retrocederam 1% em setembro em relação ao mês anterior, após quedas de 0,8% em agosto e de -0,7% em julho. Essa é a pior leitura para setembro desde 2002 (-1,2%). Em relação a setembro de 2015, as vendas tiveram queda de 5,9%, no 18º mês seguido de registro negativo, em um ambiente dificultado pelos patamares elevados de inflação e juros, ainda que ambos estejam em trajetória de queda. No terceiro trimestre, a queda foi de 2,4%. No conceito ampliado (inclui os setores de material para construção e automotivo), o volume de vendas apresentou ligeira queda de -0,1% na relação marginal. Já com relação a setembro de 2015, as vendas recuaram -8,6%.

 

Dos oito segmentos acompanhados pela pesquisa, seis registraram queda das vendas, com destaque para o segmento de Hipermercados e Supermercados que registou retração de 1,4% m/m. Em outras palavras, as perdas foram generalizadas, o que deve ser interpretado como um sinal de alerta frente à expectativa de recuperação da economia. Observa-se deterioração das condições de crédito em setembro, basicamente em função da elevação da taxa média de juros cobradas nas operações para aquisição de bens duráveis. Além disso, os indicadores do mercado de trabalho desenham um cenário de fragilidade, com a taxa de desemprego em11% (PNAD) e o rendimento médio retraído. Nesse sentido, a recuperação do comércio está muito condicionada a uma retomada do emprego e ao barateamento do crédito, fatores que ainda podem demorar para se concretizar no curto prazo. Isso porque o mercado de trabalho é o último a recuperar e o crédito, apesar da recente queda da Selic, continua em patamares significativamente elevados.

Em função do comportamento mais recente do varejo, bem como dos indicadores antecedentes, revisamos nossa projeção para 2016 de -5,5% para -6,3% para o volume de vendas do varejo restrito e de -7,4% para -7,8% no conceito ampliado. Para 2017, mantemos nossas estimativas, de +1,5% no restrito e de +2,0% no ampliado.

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