A taxa de desemprego no Brasil, medida pela PNAD Contínua do IBGE, ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto de 2016, o maior resultado já registrado pela pesquisa iniciada em 2012. O resultado ficou bem próximo da projeção da REAG de 11,70%. Esse resultado ficou 0,2 ponto porcentual acima do valor apurado no trimestre encerrado em julho passado e significativamente acima da taxa de 8,7% registrada em agosto de 2015
O contingente de desempregados no país atingiu o patamar recorde de 12 milhões de pessoas no trimestre encerrado em agosto, o equivalente a um aumento de 36,6% em relação ao mesmo período de 2015: 3,2 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga. Além disso, a população ocupada encolheu 2,2% no trimestre encerrado em agosto, como consequência do fechamento de 1,9 milhão de postos de trabalho. A taxa de desemprego só não aumentou mais porque a população inativa cresceu 1,3%, o que significa que 809 mil pessoas optaram por deixar a força de trabalho em vez de procurar emprego.
Constata-se, assim, que o ritmo constante de crescimento do desemprego no Brasil é composto por dinâmicas antagônicas de oferta e demanda por mão de obra. Em outras palavras, o desemprego segue pressionado, por um lado, pela queda na demanda por mão de obra e adversamente, por outro lado, pelo aumento da oferta de mão de obra. Contudo, observa-se que as demissões têm exercido papel muito mais relevante na elevação do desemprego comparativamente à entrada de novas pessoas no mercado de trabalho. Isso porque parcela da população em idade para trabalhar que está na força de trabalho tem se comportado aquém do esperado frente ao atual e prolongado cenário recessivo.
Ou seja, constata-se a existência de parcela relevante de trabalhadores desalentados, sem perspectivas de encontrar uma nova vaga e que deixam de procurar emprego, indo contra à lógica de que mais pessoas procurariam empregos com a queda da renda familiar. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.011 no trimestre até agosto de 2016, montante 1,7% menor ao apurado no mesmo período do ano anterior.
Frente às constatações acima e à retração esperada do PIB neste ano, enxergamos manutenção no quadro de deterioração do mercado de trabalho até o primeiro trimestre de 2017. Projetamos que a taxa de desemprego encerre 2016 em 11,5%, resultado significativamente acima dos 8,5% apurados no ano anterior. Ainda em 2017 nossa projeção é de que a desocupação no mercado de trabalho esteja patamar elevado, entre 11,5% e 12%. Para o trimestre encerrado em setembro deste ano, estimamos que o desemprego represente 11,8%.