A taxa de desemprego, medida pela PNAD Contínua, alcançou 12,4% no segundo trimestre do ano. Apesar de o índice ter caído em relação ao trimestre anterior (13,1%) e na comparação com o mesmo período do ano passado (13%), o Brasil contabiliza 13 milhões de pessoas. Isso representa também queda de 5,3% em relação ao primeiro trimestre e recuo de 3,9% na comparação com o mesmo período de 2017 (são 520 mil desempregados a menos). Descontando a sazonalidade, a taxa de desemprego passou de 12,3% em maio para 12,25% em junho. Basicamente, esse ligeiro recuo deveu-se ao crescimento de +0,09% da População ocupada e quase estabilidade da Força de Trabalho (+0,03%), ambas as taxas com ajuste sazonal e na mesma base de comparação. Em relação ao observado desde os meses finais de 2017, a ocupação mostra ter mantido uma taxa de crescimento constante, mas muito gradual.
Em linhas gerais, o mercado de trabalho vem mostrando dificuldade de recuperação diante do crescimento da economia que perde força, sobretudo após a greve dos caminhoneiros no final de maio, que afetou o abastecimento em todo o país. Apesar do resultado timidamente animador da taxa de desemprego, o mercado de trabalho brasileiro continua mostrando forte desânimo, com 65,6 milhões de pessoas fora da força de trabalho, maior número desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. No trimestre anterior, eram 64,8 milhões de pessoas. Neste grupo encontra-se quem tem idade para trabalhar, mas não está procurando emprego (donas de casa, aposentados e estudantes) e trabalhadores que desistiram de procurar uma colocação.
Com mais uma queda acentuada da taxa de participação, a conjuntura sugere que o mercado de trabalho passa por um momento de crescimento do número de desalentados. Num ambiente em que a oferta de postos de trabalho continua restrita, com predominância de emprego precário e de baixa remuneração, é esperado que tal movimento continue retratando a desistência das pessoas na busca por emprego. De tal forma, mesmo que a ocupação continue a surpreender negativamente, tal efeito limita a perspectiva de aumentos da taxa de desemprego ao longo dos próximos meses, porém sem que deixe de representar uma piora da conjuntura do mercado de trabalho como um todo. O sinal dado pela evolução recente do indicador nos primeiros meses do ano é de um mercado de trabalho que continuará mostrando dificuldades para se recuperar.
Se por um lado a composição do mercado de trabalho continua ruim, não observamos nenhuma deterioração adicional do mercado de trabalho nesta leitura de junho além do já esperado. Dessa forma, nossa projeção de taxa de desemprego média para o ano de 2018, que atualmente encontra-se em 12,3%, não deve sofrer revisão.