Em unanimidade, os membros do Copom decidiram por um novo corte de 25 basis-points (bps) na Selic ao fim da reunião que se encerrou ao final da tarde desta quarta-feira, fazendo a taxa básica de juros anual recuar de 6,75% para 6,5%. A decisão veio em linha com a projeção da REAG, sustentada pelo fato de a inflação baixa motivar a autoridade monetária a reduzir a Selic novamente para o menor patamar da história. Os resultados positivos da inflação neste primeiro trimestre, que ficaram abaixo do esperado, e a sinalização do Banco Central de que as perspectivas sigam otimistas, contribuíram para a nossa projeção deste novo corte dos juros.
O Copom vinha sinalizando que encerraria o ciclo de cortes na Selic, iniciado em outubro de 2016, na reunião ocorrida em fevereiro. Na ocasião, o órgão do BC fez um corte de 25 bps – menor que o anterior, de 50 bps. A instituição divulgou que, se mantidas as condições do momento, considerava adequado manter aquele patamar de juros nos próximos encontros.
Mas o baixo nível da inflação desde o início do ano tem surpreendido o mercado. Na reunião de janeiro, a previsão para o IPCA era de 3,95%, e agora é de 3,63%, segundo os dados do último Boletim Focus. Em fevereiro, a inflação registrou o menor patamar para o mês em 18 anos. A meta no ano é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto para mais ou menos.
Para a REAG, o Copom tem tomado suas decisões com base no comportamento dos indicadores econômicos, uma vez que as projeções que sustentaram o corte anterior estão desatualizadas. De janeiro para cá, os preços de alimentos – que têm forte peso na inflação – e de outros itens importantes continuaram a cair. A mediana de expectativas do mercado passou, neste ano, de 3,96% para 3,67%, enquanto a previsão principal do Copom para essa variável ainda estava em 4,2% na reunião de fevereiro. Uma atualização pode trazer essa estimativa mais próxima do consenso do mercado e justificar novos cortes da taxa.
Na última ata, o Copom deixou a porta aberta para novos cortes nos juros se houvesse mudança no cenário previstas até então. De fato, essas mudanças aconteceram, favorecendo a Selic a 6,50. Contudo, na opinião da REAG, uma redução adicional no ano seria improvável, uma vez que pesam nessa direção o quadro de recuperação da atividade econômica, os efeitos defasados da política monetária – que ainda devem continuar a trazer impulso adicional para a economia – e o balanço de riscos no cenário internacional, que se tornou menos favorável recentemente devido à perspectiva de aperto monetário mais intenso nos EUA. Apostamos que a atual taxa de 6,5% seja mantida até o fim deste ano, dado que o ritmo de recuperação da economia brasileira continua gradual.