Pela sétima vez seguida o Copom decidiu pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano, após a última reunião do comitê, ontem à noite, com a participação do presidente Alexandre Tombini. A decisão, unânime, veio conforme esperado pelo mercado financeiro e previsto pela REAG. Com isso, Tombini entrega a taxa básica de juros no maior patamar de toda sua gestão, em um dos piores momentos da história da economia brasileira, como definiu esta semana o futuro presidente da instituição, Ilan Goldfajn.
O comunicado sobre a decisão foi idêntico ao anterior, de abril. De acordo com o BC, o nível elevado da inflação em 12 meses e as expectativas distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para a flexibilização da política monetária. Ao mesmo tempo, o comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação.
A decisão desta quarta-feira, a sétima vez consecutiva em que o patamar dos juros é mantido, já teve de levar em conta que o IPCA de maio subiu 0,78% no mês (9,32% no acumulado em 12 meses), acima das expectativas, e que o dólar recuou, fechando a R$ 3,37, o menor nível desde 29 de julho do ano passado.
A nova diretoria do BC, que assume hoje, tem como grande desafio trazer a inflação o mais próximo possível da meta de 4,5% ao ano. Contudo, na opinião da REAG, o sucesso da política monetária do novo presidente do Banco Central dependerá, principalmente, das medidas fiscais implementadas pela equipe econômica.
O próximo encontro do Copom está marcado para 19 e 20 de julho. A REAG espera que a Selic encerre este ano em 12,25%, com o ciclo de afrouxamento monetário começando a partir da reunião de 31 de agosto. Acreditar ser baixa a a probabilidade de o início da flexibilização da política monetária acontecer na próxima reunião, levando em conta que:
- a inflação, medida pelo IPCA, reverteu a tendência de queda em maio e deve se manter acima do limite superior da meta de inflação ao longo de 2016 e, provavelmente, a maior parte de 2017;
- é grande a possibilidade de o Brasil registrar déficit primário significativo e aumento da dívida bruta até 2018/2019;
- valorização do real frente ao dólar;
- a recessão tem sido mais profunda e mais prolongada do que o previsto pelo mercado, assim como a deterioração do mercado de trabalho e
- baixa probabilidade de os EUA elevar sua taxa de juro.
Ademais, diante dos últimos resultados do IPCA e dos IGPs, a REAG já considera a possibilidade de o corte na taxa básica de juros ser anunciado somente em outubro.