Com a política fiscal ainda em terreno expansionista, por ora o Banco Central não vê espaço para corte de juros. Esse é o principal recado da Ata do Copom de sua última reunião, quando a Selic foi mantida, por unanimidade, em 14,25%. No documento, a autoridade monetária passa a admitir que as contas públicas se encontram “em zona expansionista”, enquanto nas atas anteriores considerava que o balanço fiscal se encontrava em “zona de neutralidade”.
Em outras palavras, a revisão da meta do resultado primário de 2016, a qual passou de um superávit de 0,5% do PIB para um déficit de 1,6% do PIB, foi levada em conta pelo Banco Central no quer diz respeito à influência da política fiscal sobre o comportamento da inflação. Assim, para o Copom a percepção de piora na solvência fiscal, o que impactou negativamente o risco-país e a taxa de câmbio, tem gerado efeitos inflacionários que mantém os preços ainda em patamares elevados. A ata cita que a inflação resistente é decorrente, além da pressão dos preços administrados, “do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano”.
Apesar de o Copom admitir haver avanços na política de contenção dos impactos do reajuste de preços relativos, no entanto, o nível elevado da inflação em 12 meses e as expectativas ainda distantes dos objetivos do regime de metas “não oferecem espaço para flexibilização da política monetária”.