O Copom do Banco Central cortou a taxa básica de juros em 100 basis points ou 1 ponto percentual, de 11,25% para 10,25% a.a.. A decisão foi por unanimidade e sem viés. Foi o sexto corte seguido da Selic, mas o segundo nesse patamar, levando a taxa para seu menor nível em 3 anos. O corte de 1 ponto percentual era esperado pela REAG. Também era a previsão de consenso do último Boletim Focus. Mas o contexto é um dos mais complexos dos últimos tempos: uma crise política, disparada pelas delações dos executivos da JBS, que colocou em cheque a permanência do presidente Michel Temer. Antes do acontecimento, alguns economistas e instituições financeiras previam que a autoridade monetária aceleraria o ritmo do corte de juros para 1,25 ponto percentual, mas essa aposta foi perdendo força ao longo das duas últimas semanas.
O enfraquecimento de Temer desestrutura a base governista no Legislativo e prejudica o andamento das reformas estruturais, especialmente a da Previdência, colocando em dúvida sua aprovação. E esse era um dos fatores que os comunicados do Copom citavam como essenciais para controle da trajetória das contas públicas e queda estrutural da taxa de juros da economia no longo prazo. Além disso, a turbulência pressiona para cima o câmbio, o que tem efeito sobre a inflação – ainda que esse seja um fator secundário. A queda do IPCA, aliás, é o principal fator que justifica a queda dos juros nas últimas reuniões. No acumulado dos últimos 12 meses o IPCA ficou em 4,08% até abril, já abaixo do centro da meta do governo, que é de 4,5%. A inflação anualizada não era tão baixa há quase uma década.
Além disso, a crise política aparece em meio a um cenário de atividade ainda fraca, e que deve dificultar ainda mais a retomada do crescimento, que já esperado para ser lento e gradual. A ata do Copom será divulgada na próxima terça-feira, dia 06 de junho, e a próxima reunião está marcada para os dias 25 e 26 de julho.
Veja o comunicado na íntegra: