O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, divulgado hoje pelo Banco Central, apresentou um balanço de riscos mais equilibrado, fez um ajuste para baixo nas estimativas inflacionárias (IPCA: de +4,0% para +3,8% em 2017), mantendo viva a possibilidade de a taxa Selic cair até 8,5% no fim do ciclo. De qualquer forma, o documento não trouxe novidades muito além das sinalizações e recados que já chegaram ao mercado por meio dos comunicados, atas do Copom e discursos de seus diretores. Em outras palavras, o cenário econômico apresentado no RTI de junho prescreve a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo.
O documento veio alinhado à personalidade do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, direto e sem rodeios, característica muito apreciada pelo mercado financeiro visando evitar conversas truncadas e recomendações conflitantes em cenário politicamente caótico. O que está em pauta hoje nas análises do Banco Central é a velocidade, o ritmo e a extensão da política monetária de afrouxamento na redução da taxa de juro.
Especificamente sobre a Selic, no RTI o Banco Central repetiu a avaliação de que “uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado naquela ocasião deveria se mostrar adequada em sua próxima reunião, em julho”. Na última reunião do Copom, o Banco Central reduziu a taxa Selic em 100 basis-points. Apesar de repetir a avaliação, o documento tenta relativizar o quadro com a lembrança de que “o ritmo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.