O Copom decidiu pela redução da taxa básica de juros da economia brasileira de 3% para 2,25% ao ano. Foi o oitavo corte consecutivo no ciclo iniciado em agosto do ano passado, quando a meta para os juros básicos começou a descer do seu então “piso histórico”, de 6,5% ao ano. É o menor porcentual da taxa Selic desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. Os diretores do BC, que tomaram a decisão por unanimidade, alertam para o risco de aumento excessivo de gastos e a possível descontinuidade do processo de reformas, iniciado no ano passado com a da Previdência. No documento, esse é apresentado como um possível obstáculo para a manutenção da Selic nos níveis atuais.
Apesar de na última reunião o Banco Central ter afirmado que faria apenas mais este corte, ainda há expectativas de que a Selic possa terminar 2020 em níveis ainda mais baixos. No comunicado de hoje, a autoridade monetária destaca que vê o atual nível de estímulo como compatível com o cenário de crise, mas não fechou totalmente a porta para eventuais novos cortes de juros. “O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e deve ser pequeno”, diz o comunicado do Copom. A REAG acredita que para os próximos meses haverá uma pausa no ciclo de redução da taxa básica de juros, preservando-se, é claro, os graus de flexibilidade na condução da política monetária, sem descartar movimentos adicionais a depender da evolução de inflação e atividade. Esperamos que o Copom eleve a exigência para novos ajustes, mas mantenha a porta entreaberta para quedas adicionais da Selic no futuro, caso haja necessidade de oferecer mais estímulos em um quadro de deterioração ainda maior da economia. Também deve passar pelo debate entre os dirigentes do Copom os limites da política monetária tradicional, ou seja, até que ponto a Selic pode cair sem gerar efeitos contraproducentes, como pressão adicional no câmbio.
Outra questão que vai além da discussão sobre o tamanho do ciclo é o limite da eficácia da política monetária via taxa de juros, o chamado “effective lower bound”, o limite de baixa, segundo qual, o juro já não tem mais efetividade para estimular a economia. Nas últimas semanas, declarações dos diretores do Banco Central transparecem não haver uma visão única no colegiado sobre até que ponto a Selic pode cair sem gerar disfuncionalidades no mercado. Na comunicação do Copom, contudo, aparentemente não há pistas claras sobre qual seria esse piso. O diretor de Política Econômica, Fábio Kanczuk, um dos mais influentes membros do Comitê (e o mais dovish), declarou recentemente que, em sua opinião, o Banco Central ainda está longe do “lower bound”: “2,25% não está escrito na pedra”, afirmou.
Sobre a pandemia, o Banco Central pondera que “apesar da provisão significativa de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”. O governo brasileiro já admite um tombo de 4,7% para o PIB neste ano, enquanto a REAG estima um recuo de 6,5% em 2020. Com a forte queda da atividade econômica, os preços têm caído. Em maio, o IPCA registrou deflação de 0,38%. Foi o segundo mês consecutivo de queda nos preços e o menor índice desde agosto de 1998. A REAG prevê que o IPCA ficará em 1,60% neste ano, isto é, abaixo do piso de 2,5% previsto pelo sistema de metas. A meta do Banco Central neste ano é entregar uma variação média dos preços medida pela IPCA de 4% em 12 meses, com intervalo de tolerância de entre 2,5% e 5,5%. A última medição feita IBGE aponta inflação abaixo do piso em maio, de 1,88% ao ano. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
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