Absorvido pela crise política, o Brasil completou no último domingo (12 de junho) o primeiro mês do presidente interino Michel Temer no poder, cujos resultados práticos ainda são imponderáveis. A sustentabilidade do seu governo tem sido submetida a solavancos em função da evolução da Operação Lava Jato que atingiu caciques peemedebistas e derrubou dois de seus novos ministros em apenas duas semanas. Na opinião da REAG, entre os acertos e erros do primeiro mês do governo Temer, o saldo até agora parece duvidoso. Permanece no ar um clamor público por medidas impactantes no quesito tributário, como reformas e privatizações, concessões e PPPs, em meio a um cenário de restrição fiscal e total incapacidade de cortar juros face à inflação resiliente.
Entre os pontos positivos, Temer montou um ministério capacitado a dialogar e negociar com o Congresso para aprovação do ajuste fiscal, e do lado técnico, um time econômico competente e com credibilidade. Outras duas medidas bem recebidas pelo mercado foi a alteração e aprovação da meta fiscal para 2016, que prevê déficit primário de R$ 170,5 bilhões e a aprovação na Câmara da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao governo utilizar livremente parte de sua arrecadação (agora será analisada no Senado).
Já na lista dos erros destacam-se o reajuste do funcionalismo, aprovado pela Câmara, que pode custar R$ 52,9 bilhões aos cofres públicos até 2019. Ainda que possa haver razões para o reajuste, o momento é absolutamente inadequado, pois além do rombo fiscal, as condições do mercado de trabalho preocupam. O governo ainda peca por não detalhar as medidas de ajuste fiscal no que diz respeito ao corte nas despesas, assim como, apresentar as ações pretendidas para o BNDES, as mudanças planejadas na gestão da Petrobras, entre outras medidas importantes.
O grande problema de Temer nesses 30 dias, e que com ele permanecerão enquanto seu governo durar, são as surpresas que podem emergir da Lava Jato e a necessidade de, em meio à turbulência política, começar a entregar o quanto antes resultados concretos para conseguir apoio da população.