O indicador de atividade econômica do Banco Central surpreendeu o mercado e veio com queda de 5,20% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior, configurando a 16ª queda consecutiva nesse tipo de comparação e fazendo com que o indicador acumule contração de 5,65% nos últimos doze meses. Na passagem de junho para julho, em termos dessazonalizados, o índice caiu 0,09%, ante alta de 0,37% no mês anterior. O resultado representou uma surpresa negativa tanto para a estimativa mediana do mercado apurada pela Bloomberg/ AE (-4,5% YoY e +0,5% MoM), quando para a média levantada pelo Valor (-4,4% YoY e +0,3 MoM). As projeções interanuais variavam de -5,3% até -3,7%, enquanto as variações marginais oscilavam de -0,05% até +1,0%. O desempenho negativo na margem em julho deverá se traduzir em discreta queda do PIB neste terceiro trimestre. O índice de julho foi puxado pelo desempenho do comércio varejistas ampliado (-10,2% YoY e -0,5% MoM), uma vez que a produção industrial (-6,6% YoY e +0,1% MoM) e o setor de serviços (-4,5% YoY e +0,7% MoM) apresentaram crescimento na margem.
Para agosto, nossa estimativa preliminar para o IBC-Br, o qual é utilizado como proxy mensal do PIB, é de nova queda entre 1,5% e 2,0% na variação interanual dessazonalizado. A projeção se sustenta na expectativa de que agosto tenha as seguintes variações:
- Produção industrial: – 4,7% YoY e -1,1% MoM (dessazonalizado)
- Varejo ampliado: -5,4% YoY e -0,5% MoM
- Serviços: -2,5% YoY e -0,4% MoM
Apesar de os indicadores de confiança estarem reagindo, na prática os resultados da atividade econômica ainda não apresentam reação. Reiteramos nossa posição de que a expectativa de recuperação no curto prazo se mantem praticamente nula, com o principal desafio ainda sendo a retomada do crescimento em um ambiente de crédito caro e restrito. Enxergamos um excesso de otimismo frente tamanho do estrago que a recessão tem feito no ambiente econômico doméstico.