A produção industrial brasileira cresceu 0,4% em janeiro em relação a dezembro de 2015, na série dessazonalizada, interrompendo um período de sete meses de quedas consecutivas, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Será que finalmente temos uma boa notícia no cenário econômico?
Isso depende da referência. Na comparação com o mês anterior, a indústria parece ter dado um breve suspiro. Contudo, em relação a janeiro de 2015, a produção industrial recuou 13,8%, pior resultado desde abril de 2009 (-14,1%). Foi o 23º resultado negativo consecutivo nessa comparação. No acumulado em 12 meses, a produção da indústria acumula queda de 9,0%.
Já pelo método da média móvel trimestral, em janeiro a produção industrial amarga desaceleração de 0,8%, versus baixa de 1,2% em dezembro pela mesma metodologia. Na opinião da REAG, essa métrica sinaliza de modo mais assertivo o comportamento da produção industrial ao atenuar possíveis variações não captadas na dessazonalização.
A despeito do resultado positivo em janeiro, a REAG mantém a expectativa de continuidade do fraco desempenho do setor industrial em 2016. Acreditamos que a ligeira alta na comparação com dezembro passado não sinaliza efetivamente uma sólida recuperação da produção industrial, mas corresponde a uma relativa equalização da sequência de quedas. Para que a atividade da indústria se recupere, é necessário que a confiança do empresariado industrial melhore nos próximos meses, atingindo patamar superior ao que se encontra atualmente.
Além da recuperação da confiança dos empresários, nossa aposta de que a produção na indústria também recuará este ano leva em conta a crise política, a qual tem afetado negativamente os investimentos. Igualmente, é grande a probabilidade de a demanda manter-se deprimida, de o desemprego crescer e de a renda real ser corroída pela inflação. Há também a questão da necessidade de o governo se financiar por meio do aumento da carga tributária.
Para 2016 a REAG mantém sua posição pela manutenção de um cenário retraído do setor industrial. Nossa expectativa é de que a indústria recue entre 4,5% e 5%, ante perda de 8,3% em 2015.