O Banco Central pode ampliar a magnitude do corte na Selic nas próximas duas reuniões do Copom, embasado em um cenário mais benigno para a inflação, apesar de admitir que o nível de atividade se manterá reprimido. Esta é a nossa leitura após a divulgação, ontem, do Relatório de Inflação (RTI) do 3º trimestre de 2016. A REAG projeta que a autoridade monetária subirá o ritmo de redução de juros, dos atuais 25 pontos-base para 50 pontos-base em janeiro e já admite a possiblidade de redução de 75 pontos-base em fevereiro, apesar de manter em seu cenário-base a aposta de menos 50 pontos no segundo corte do ano que vem.
O RTI veio em linha com as expectativas sinalizadas na ata do Copom, corroborando com o nosso cenário-base. As projeções apresentadas no RTI não trouxeram surpresas, uma vez que o mercado já vinha antecipando o cenário de que a inflação encerraria o ano muito próxima do teto da meta em 6,5%. Além disso, os cortes nas projeções do Banco Central para o PIB de 2016 e 2017 não impactaram significativamente nas estimativas para inflação.
No documento, o Banco Central manteve suas estimativas para o IPCA, para o qual a autoridade monetária prevê inflação de 4,4% no ano que vem, resultado abaixo do centro da meta (de 4,5%). Por outro lado, o Banco Central reduziu suas projeções para o desempenho do PIB no período, de alta de 1,3%, para 0,8%. “BC reafirma inflação abaixo do centro da meta em 2017, mas vê PIB mais fraco no ano que vem”, consta no documento em tom que pode indicar um ritmo mais intenso no corte dos juros. Hoje, a Selic está em 13,75% ao ano e o Banco Central tem sido pressionado pelo mercado para acelerar o ritmo de cortes, tendo em vista os riscos sobre o processo recessivo vivido pelo país.