A produção industrial brasileira registrou alta de 13,1 % em junho na comparação com o mês anterior, o melhor resultado da série histórica iniciada em 2002, superando os efeitos negativos provocados pela greve dos caminhoneiros no mês anterior, informou hoje o IBGE. Em maio, a indústria tinha registrado um tombo de dois dígitos na comparação com abril, a maior queda desde dezembro de 2008. O IBGE revisou o resultado de maio, de uma queda de 10,9% para um tombo de 11%., quando a paralisação de caminhoneiros levou desabastecimento tanto nas indústrias quanto no comércio e nas residências de todo o país, além de perdas para a agricultura. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 3,5 %.
De forma geral, a alta se deve majoritariamente pela reposição dos estoques em descompasso com a greve dos caminhoneiros e minoritariamente pela retomada do crescimento, ainda que lento e gradual. Em junho, a indústria eliminou as perdas geradas pela greve, retomando um patamar superior ao de abril, mas vale lembrar que a indústria ainda se encontra distante do ponto mais alto da série histórica, alcançado em maio de 2011. No momento, a indústria opera 13,7% abaixo daquele patamar.
Os resultados benignos, porém, ainda não indicam uma nova tendência de aceleração da produção industrial no Brasil. O ambiente de incerteza econômica e política inibe qualquer iniciativa de investimento e consumo. Infelizmente os ânimos não deverão se apimentar pelo resultado de junho, rompendo a inércia do primeiro semestre. Os níveis de confiança dos empresários ainda estão bastante tímidos, enquanto a demanda doméstica tem se mostrado acanhada e frágil diante de um mercado de trabalho com um exército de 13 milhões de desempregados.
Os setores que encabeçam os números positivos de junho estão intimamente correlatos à indústria automobilística, que tem aumentado produção e exportação. A cadeia automotiva, como tinta, borracha, plástico, metalurgia, acessórios, responde positivamente ao desempenho da indústria no segundo trimestre deste ano. Para 2018, a REAG projeta que a indústria cresça 4,0%, devendo registrar expansão de 4,5% no ano seguinte.