Após amargar 3 anos seguidos de perdas, a indústria brasileira voltou a crescer e fechou 2017 com crescimento de 2,5%. De acordo com o IBGE, no ano passado a indústria teve o melhor resultado desde 2010, quando a produção industrial havia avançado 10,2%. No ano, quem puxou a expansão da indústria foi o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias, que cresceu 17,2%. No setor automotivo, a expansão foi puxada pela exportação recorde de 762 mil veículos e por aquisições de empresas e taxistas no mercado interno. As vendas no varejo, para o consumidor comum, ainda não se recuperaram, segundo dados da Fenabrave.
Em dezembro, o setor registrou alta de 2,8% em relação a novembro – a maior desde junho de 2013, quando chegou a 3,5%. Na comparação de dezembro contra novembro de 2017, também foi o avanço de 7,4% da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias que puxou a alta da indústria. Ainda contribuíram produtos alimentícios (3,3%), que avançaram pelo segundo mês consecutivo.
Esperamos para este ano de 2018 manutenção no ritmo de recuperação da indústria, com comportamento majoritariamente benigno e equilibrado entre os seus segmentos. O principal vetor de crescimento advém do consumo das famílias a despeito de um cenário político continue instável, de uma demanda doméstica ainda tímica por bens industriais e de um reajuste contido do salário mínimo. Nossa atual projeção é de +5%, mas com viés neutro. O carry-over para 2018 é de +4,5% (ou seja: caso a produção se mantenha estabilizada entre janeiro e dezembro deste ano no mesmo nível dessazonalizado de dezembro de 2017, a variação média anual seria de +4,5%).
O ciclo de flexibilização monetária deverá puxar a Selic anual para 6,75% este mês, o menor nível já registrado desde a criação da política de meta inflacionário, patamar que poderá cair mais um pouco na sequência, para 6,5%, o qual deverá se manter até o final de 2018. Com isso, as condições de oferta de crédito, especialmente para pessoa física, deverão continuar melhorando e sustentando o consumo. A melhora no mercado de trabalho também sustenta o processo de retomada da atividade industrial, com o setor automotivo liderando a puxada para cima.