Uma possível alta dos juros nos EUA em dezembro já está precificada pelo mercado e não é mais vista como uma grande ameaça para o Brasil. O comunicado divulgado ontem pelo Fed, o banco central americano, confirmando a manutenção da atual taxa, entre 0,25% e 0,50% ao ano, corroborou a aposta da REAG e reforçou nossa previsão de um aperto monetário na próxima reunião (em dezembro), assim como ocorreu em 2015. O Fed vem amaciando as expectativas desde então, fazendo com que a alta do juro americano já esteja nas contas do mercado. Além disso, a perspectiva de reformas e da adoção de um teto para os gastos públicos no Brasil tem melhorado o humor dos investidores em relação à economia brasileira, reduzindo a exposição do país ao aperto da política monetária nos EUA.
Na nossa avaliação, os indicadores americanos mais recentes, sobre o mercado de trabalho, inflação e contas nacionais, têm dado condições de o juro voltar a subir, mas a decisão de ontem teve motivação política, de não fazer nada antes das eleições presidenciais. Cremos que as condições econômicas seguirão avançando gradualmente até a próxima reunião do Fed, quando deverá optar pelo aumento da taxa de juros. Após a decisão de ontem, os investidores ajustaram as suas apostas e a expectativa é que a taxa suba para entre 0,50% e 0,75%, mas as probabilidades caíram de 68,4%, na terça-feira, para 66,8%, ontem (segundo levantamento do CME Group).
A expectativa é de que a taxa terminal (praticada ao final do ciclo de normalização da política monetária nos EUA) ficará em torno de 2% a 3% ao ano, relativamente abaixo dos 4% a 5% na época da crise. Além do aumento em dezembro, espera-se mais um ou dois aumentos no ano que vem. Será um movimento mais lento e de intensidade menor.