O PIB a preços de mercado do 2º trimestre deste ano registrou alta de 0,3% sobre o mesmo trimestre de 2016, correspondendo a um acréscimo de 0,2% sobre o 1º trimestre em termos dessazonalizados, de acordo com as estimativas preliminares divulgadas hoje pelo IBGE. Traduzindo, isso significa que o Brasil inicia uma recuperação econômica e está saindo da recessão técnica. Vale lembrar que no 1º trimestre a taxa de variação interanual havia sido de -0,4% e de +1,0% na margem (números que não sofreram revisões em relação à divulgação original). A expansão do consumo das famílias foi o componente que se destacou positivamente pelo lado da demanda, enquanto, pelo lado da oferta, ocorreu um crescimento mais difuso entre os diferentes setores da economia.
Com esse resultado, o PIB brasileiro registrou o segundo trimestre consecutivo de variação positiva em termos dessazonalizados, algo não observado desde a segunda metade de 2014. Embora o número tenha vindo melhor do que nossas expectativas, nos mantemos alertas quanto à queda contínua nos investimentos: recuo de 0,7% em relação ao primeiro trimestre e -6,5% na comparação anual, a 13ª baixa seguida. Dentre os fatores que inibem os investimentos estão as incertezas políticas e a evolução ainda tímida do emprego formal. Ademais, a construção civil foi outro componente que teve destaque negativo no investimento, com queda de 7% em 12 meses. Os gastos do governo, outro fator que poderia dar um fôlego a mais nos próximos trimestres, também teve variação negativa, de 0,9%. Com o aumento do déficit fiscal, a tendência é de que os gastos públicos sigam em baixa até o fim do ano. Por conta do desempenho anêmico do investimento, mantemos nossa posição de que o crescimento do PIB brasileiro deverá se situar em torno de 0,3% neste ano de 2017, com viés de alta.