Vendas do varejo serão o foco da agenda doméstica
Embora a semana seja curta, em função do feriado prolongado de Nossa Senhora Aparecida, na próxima quinta-feira, Brasília terá dias quentes a partir desta segunda-feira com o início da análise da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados e com o julgamento que afetará diretamente o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Supremo Tribunal Federal (STF). A despeito da agitação na agenda política, na economia a semana será tranquila com o destaque para os dados das vendas do varejo em agosto, para as quais esperamos avanço de 0,4% no comércio restrito (contra o mês anterior). O avanço dos indicadores coincidentes como o de vendas dos supermercados (0,6%, Boa Vista) e o de movimento do comércio (0,5%, Serasa) dão suporte a nossa análise. A deflação dos itens do segmento também deve ajudar. No conceito ampliado, que inclui veículos e material de construção, acreditamos que haverá alta de 1,6% na variação marginal em agosto devido às vendas de comerciais leves e automóveis (3,1%, Fenabrave | 1,5%, Anfavea). Apesar da ligeira acomodação em relação aos meses anteriores, o resultado de agosto não será influenciado diretamente pelos saques do FGTS (que terminaram em meados de julho) e, caso nossa projeção se confirme, refletirá uma retomada sustentada do consumo.
O IGP-DI, divulgado na manhã desta segunda-feira, subiu 0,62% em setembro, de acordo com os dados divulgados pela FGV, acima da mediana das expectativas do mercado (0,50%). A aceleração em relação a agosto, quando o índice cresceu 0,24%, foi explicada principalmente pelos produtos agrícolas no atacado, que passaram de uma queda de 1,81% para uma alta de 0,75%. No mesmo sentido, o IPA industrial avançou 1,05% neste mês (ante variação de 0,96% na leitura anterior), refletindo principalmente a elevação dos preços do diesel nas refinarias. O IPC, por sua vez, recuou 0,02% no período, ante alta de 0,13% no mês passado. Por fim, o INCC passou de uma elevação de 0,36% para outra de 0,06%. Com esse resultado, o IGPM acumulou deflação de 1,04% nos últimos doze meses, ante recuo de 1,62% na leitura anterior. Apesar da surpresa altista com os últimos índices de preços, o cenário prospectivo de inflação segue favorável. Na terça-feira, a FGV divulgará indicadores de mercado de trabalho de setembro (Indicador Antecedente de Emprego e Indicador Coincidente de Desemprego).
Na agenda internacional, as divulgações devem confirmar o cenário benigno para a inflação e positivo para a atividade. Em relação à inflação, serão conhecidas as informações dos índices de preços ao consumidor dos EUA e da Alemanha. Além disso, serão divulgados os dados da China de balança comercial e crédito, de produção industrial da Área do Euro e vendas no varejo dos EUA. A despeito da desaceleração esperada na China, os dados deverão reforçar nossa visão de crescimento forte e espalhado na economia global nesse terceiro trimestre, sem perspectivas de pressões inflacionárias ao consumidor, garantido um ambiente global com ampla liquidez nos próximos meses.