Indicadores de atividade pautam a agenda doméstica desta semana
Indicadores dos setores de comércio e serviços de setembro deverão consolidar expectativa de retomada econômica no terceiro trimestre. Em semana de agenda esvaziada, esperamos expansão das vendas do varejo e do volume de serviços, que levará para mais um resultado positivo do IBC-Br do período.
O bom resultado da produção industrial, divulgado na semana passada, colocou um viés de alta nas estimativas para o desempenho do PIB no 3º trimestre deste ano. Nesta semana, o mercado estará atento à divulgação dos resultados dos demais setores, que podem confirmar um ritmo de retomada acima do esperado no período. Por ora, a dinâmica positiva da atividade tem sido estimulada especialmente pela flexibilização das medidas de distanciamento e pelos pacotes de estímulo do governo, mas o ritmo de recuperação tem sido heterogêneo entre os setores.
Nesse contexto, o IBGE divulga o resultado de setembro do varejo (na quarta-feira), setor que tem demonstrado o melhor ritmo de recuperação e que já superou o patamar de fevereiro, mês pré-crise. Projetamos que o varejo restrito deve apresentar crescimento de 1,8% (MoM) em setembro. Dá suporte à avaliação, os bons indicadores coincidentes, como o das consultas ao SCPC (9,8%, MoM) e o do movimento do comércio (3,4%, MoM, Serasa). No conceito ampliado, que inclui veículos e material para construção, a alta deve ser de 2,4% (MoM), puxado pelo comércio de veículos (7,9%, MoM, Anfavea | 5,1%, MoM, Fenabrave).
Nossa estimativa para o volume de serviços de setembro (quinta-feira) é de +1,9% (MoM), refletindo nossa expectativa positiva para o varejo ampliado e o maior fluxo de veículos pesados (2,7%, MoM, ABCR). Essa seria a quarta leitura mensal seguido com expansão, resultando em uma alta mais modesta no trimestre. A retomada do setor tem sido impulsionada pela continuidade do aumento da mobilidade urbana, embora ainda contida pelo receio de consumo (presencial) das famílias. A manutenção do cenário de redução do número de casos e mortes de Covid-19 deve manter a recuperação do setor no 4º trimestre, reduzindo, em parte, o diferencial de recuperação dos demais setores para os serviços.
Na sexta-feira, o IBC-Br de setembro deve crescer 0,6% (M/M), refletindo as taxas positivas observadas nos diversos setores da economia. Destaque, em termos de magnitude, para a indústria (3,9%), o varejo ampliado, o setor agropecuário e o de serviços.
No exterior, o resultado da eleição americana e a evolução da Covid 19 na Europa seguirão no radar. Adicionalmente, os dados de importação e exportação da China de outubro deverão mostrar continuidade de recuperação do país neste quarto trimestre, enquanto o índice ZEW alemão deste mês deverá apontar para piora da confiança no período.
Apesar de o presidente Trump ter prometido entrar na justiça contra o resultado das eleições, tal ameaça, por ora, parece sem fundamentos, o que deixa pouca margem de dúvida quanto à vitória de Joe Biden. Os agentes devem seguir atentos a possíveis indicações de medidas que o novo governo pretende adotar quando tomar posse. De todo modo, o período de transição não deve ser suave, o que poderá dificultar bastante a aprovação de qualquer pacote de estímulos ainda este ano. No geral, a vitória de Biden foi bem recebida pelos mercados, provavelmente apostando na sua moderação e que a votação dividida deve dificultar a implementação de uma agenda democrata mais radical, em especial a elevação de impostos.
Na economia, a semana traz a divulgação de poucos indicadores. Nos EUA, destaque para os dados de inflação ao consumidor de outubro (quinta-feira). A expectativa do consenso é de alta de 0,2% no mês, o que implicaria alguma desaceleração no acumulado em 12 meses, de 1,4% para 1,3%, sinalizando ainda alguma fraqueza da demanda, e espaço para novos estímulos. Além da inflação ao consumidor, também será conhecida a inflação ao produtor (sexta-feira), que deve se manter em nível ainda mais baixo, de 0,4% em 12 meses.
Ainda nos EUA, vale citar também a divulgação (sexta-feira), da prévia de novembro da confiança do consumidor, segundo a Universidade de Michigan, que pode mostrar algum efeito do resultado eleitoral; e ainda, o dado semanal de pedidos de seguro-desemprego (quinta-feira). Na Zona do Euro, será conhecido o resultado da produção industrial de setembro (quinta-feira), que deve registrar ligeira alta, de 0,7%, em linha com a aparente resiliência que o setor tem apresentado no continente, apesar da 2ª onda de casos de Covid-19 que tem prejudicado em maior escala o setor de serviços. Também no bloco europeu será divulgada a 2ª prévia do resultado do PIB do 3º trimestre da região, que deve confirmar o elevado crescimento do período (+12,7%).