Foco da agenda está na Ata do Copom e índices de preços
Posteriormente à atitude mais “hawkish” do Copom, os investidores estarão atentos nesta semana à divulgação da Ata da última reunião (terça-feira). Face ao sucessivo agravamento do componente inflacionária, o colegiado optou por apressar o aperto monetário, elevando a taxa básica de juros em 100 basis point (bps), para a taxa anual de 5,25%. Já no comunicado, apresentado logo após o anúncio da decisão, veio em tom mais duro, deixando claro que os membros do Comitê estão mais dispostos a fazer os ajustes necessários para assegurar a ancoragem das expectativas de forma que a inflação tenda à meta impreterivelmente no ano de 2022. Além disso, outra novidade na comunicação diz respeito ao patamar final do ciclo de ajuste, indicando ser apropriado uma elevação para um patamar acima do neutro, que é estimado em 6,50% pela própria autoridade monetária.
Assim, com a política monetária no radar, o mercado está de olhos bem abertos para o resultado do IPCA de junho (terça-feira). O indicador deve acelerar de 0,53% para 0,94% (MoM), principalmente em razão do aumento do valor cobrado adicionalmente para a bandeira vermelha patamar 2, que impactará os preços da energia elétrica residencial. Além disso, contribuirão para esta aceleração, a expressiva alta das passagens aéreas, a elevação do gás de botijão, da gasolina e de alimentação no domicílio. O resultado ainda deve apresentar aceleração dos núcleos.
Pelo lado do atacado, a FGV divulgou nesta segunda-feira o IGP-DI de julho, que mostrou alta de 1,45%, acelerando ante o mês anterior (+0,11%) e pouco acima das expectativas (1,34%). Em 12 meses, o índice registra alta de 33,35%. O avanço foi puxado pelos preços do atacado (+1,65%), especialmente os agropecuários (+2,69%), impactados pelos problemas climáticos recentes. O resultado sugere continuidade das pressões inflacionárias no varejo no curto prazo.
Em relação à atividade econômica, os dados do comércio devem se manter em expansão em junho, favorecidos pela reabertura econômica, enquanto o setor de serviço de apresentar estabilidade, sem grandes progressos. Com isso, o IBC Br deve ficar ligeiramente positivo no mês. O varejo restrito (quarta-feira) de junho deve crescer 1,5% (MoM). Dão suporte a essa avaliação, os bons indicadores coincidentes, como as consultas ao SCPC (16,0%) e o movimento do comércio da Serasa (1,1%). No conceito ampliado (também quarta-feira), que inclui veículos e material de construção, deve ocorrer queda de 2,0% (MoM). O movimento deve refletir o fraco comércio de veículos mostrado pelos indicadores coincidentes da Fenabrave (-10,3%) e Anfavea (-9,1%).
Já o volume de serviços de junho (quinta-feira) deve ter variação nula na margem mensal, com manutenção da demanda por serviços em patamar próximo ao observado em maio.
O IBC-Br de junho (sexta-feira) deve crescer 0,2% (MoM), como resultado de serviços e indústria próximos da estabilidade e com o desempenho da agropecuária compensando a contração do comércio ampliado, contando com o ajuste sazonal.
No cenário global, destaque para a inflação dos EUA em julho. Após o payroll mostrar continuidade da recuperação da economia norte americana, os dados de inflação serão importantes para a condução da política monetária pelo Fed.