Semana encurtada pelo feriado de 7 de setembro tem IPCA de agosto como destaque na agenda local
Com o feriado do Dia da Independência do Brasil na terça-feira, teremos uma agenda relativamente fraca em termos de divulgação de indicadores econômicos. A expectativa do mercado fica por conta das manifestações e seus possíveis desdobramentos sobre o cenário político e econômico nas próximas semanas. A expectativa do mercado será, portanto, mensurar o impacto destas manifestações na capacidade de o governo preservar o equilíbrio fiscal e seguir em sua agenda de reformas.
A grande vedete da agenda local será a divulgação do IPCA de agosto (quinta-feira), para o qual projetamos alta de 0,74%. O resultado reflete a dissipação do aumento da energia elétrica e barateamento das passagens aéreas. As maiores pressões devem vir dos alimentos in natura, impactados pelo clima adverso, da gasolina e do gás de cozinha, estes puxados pelos reajustes da Petrobras, seguindo a alta do petróleo no mercado internacional. Já a conta de energia elétrica deve mostrar uma alta mais contida, acomodando após o forte reajuste no valor adicional da bandeira vermelha. Este alívio, no entanto, dura pouco, pois a partir do dia 1º setembro começa a vigorar a nova bandeira tarifária de “escassez hídrica”, cujo valor extra é de R$ 14,20 pelo consumo de 100kWh, bem acima dos R$ 9,49 (teto) cobrados até então. Ainda, o processo de reabertura das atividades deve continuar permitindo um maior repasse dos preços do atacado para o varejo, com dinâmica mais forte nos preços dos serviços e dos produtos industriais (vestuário, artigos de residência etc.). O pico da alta de preços aqui no Brasil deverá ser atingido em agosto e setembro e, a partir de então, a descompressão das commodities e dos bens industriais se somarão aos efeitos da política monetária, favorecendo a descompressão da inflação.
Já a FGV divulga o IGP-DI de agosto (quarta-feira), que deve cair de 1,45% para –0,23%, puxado pela forte queda do minério de ferro. Além disso, algum alívio na energia elétrica e despesas com viagens também devem contribuir para o movimento. A acomodação deve refletir a deflação dos itens industriais, em especial do minério de ferro, compensado, em parte, pela crise hídrica, que deve seguir pressionando os itens agropecuários no atacado e alguns itens no varejo. Em conjunto, os indicadores de inflação não sinalizam alívio, mantendo o cenário delicado.
Relativo à atividade econômica, teremos a divulgação dos números da Anfavea (quarta-feira) relativos à produção do setor automotivo em agosto. Na sexta-feira, as vendas do varejo restrito devem crescer 0,8% (MoM). Dá suporte à avaliação, a flexibilização das medidas restritivas e, consequentemente, o aumento da mobilidade, já em torno do nível pré-pandemia. No conceito ampliado, que inclui veículos e material para construção, o comércio deve recuar 0,5% (M/M). O resultado deve refletir alguma acomodação nas vendas dos supermercados, pressionadas pela alta inflacionária e pela maior procura por consumo em bares e restaurantes (serviços), e, principalmente, a baixa venda de veículos, que sofre com a falta automóveis novos nas concessionárias. Destaque para os problemas de oferta da cadeia produtiva (semicondutores) prejudicando o comércio de veículos, conforme apontado pelos resultados fracos dos emplacamentos de automóveis da Fenabrave.
No exterior, diante da agenda mais fraca, atenções se concentrarão na Área do Euro. Na terça feira será conhecida a leitura final do PIB do segundo trimestre e na quinta haverá reunião de política monetária do BCE. Por fim, a divulgação do Livro Bege, nos EUA, na quarta-feira, deve ajudar a medir a temperatura corrente da economia norte americana. Na China, teremos dados de inflação e da balança comercial, referentes a agosto, que devem reforçar a desaceleração em curso da economia chinesa, com algum alívio dos custos.