Em semana intercalada pelo feriado em celebração ao Dia da Independência, na agenda econômica, as atenções estarão voltadas para o IPCA de agosto (sexta-feira), que deve ter nova retração, ao sair de –0,68% para –0,38%. O resultado deve levar o indicador no acumulado em 12 meses para um dígito, de 10,07% para 8,69%. O principal driver vem dos preços dos combustíveis, diante das reduções dos preços pela Petrobrás para as refinarias e de algum efeito residual do corte de impostos, que também deve puxar o preço da tarifa de energia elétrica para baixo. Além disso, também se espera alguma acomodação dos preços dos alimentos, diante dos sinais de estabilização do preço do leite e derivados. Na outra ponta, os preços dos serviços devem seguir em alta, pressionados pelo bom desempenho da atividade. Assim, a expectativa é de uma inflação menos disseminada e com melhora nos núcleos, embora com um cenário ainda desafiador.
Também na esfera inflacionária, a FGV divulga o IGP-DI de agosto (quinta-feira), que também deve demostrar deflação, de 0,67% no mês. Entre os vetores, destaque para o barateamento dos alimentos industrializados, combustíveis e metalurgia básica. O indicador deve captar deflação no atacado e no varejo, diante dos menores preços dos combustíveis e da queda dos preços das commodities no mercado internacional, sustentando a perspectiva de descompressão da inflação ao longo do 2º semestre.
Acerca dos indicadores de atividade, a Anfavea traz os dados de produção de veículos (sexta-feira), que devem seguir mostrando alguma melhora, assim como os números de emplacamentos já publicados pela Fenabrave, diante da redução dos problemas de acesso aos insumos. Com isso, deve sinalizar que a atividade segue em retomada neste 3º trimestre, contribuindo para manter o viés de alta nas expectativas de crescimento do ano.
Na agenda internacional, o destaque da semana fica por conta do discurso do presidente do FED, Jerome Powell, na quinta-feira. Após uma fala considerada dura com a inflação no Simpósio anual de Jackson Hole, Powell deve reafirmar o compromisso incondicional com a estabilidade de preços, mesmo diante de alguma desaceleração nos indicadores de atividade e número do mercado do trabalho um pouco abaixo do esperado. Além disso, teremos falas de outros dirigentes do FOMC, com a vice-presidente L. Brainard na quarta-feira, além de C. Evans e J. Waller na sexta. A expectativa é de manutenção do tom duro em relação à inflação por parte dos dirigentes. Entre os indicadores de atividade nos EUA, destaque para a leitura final do PMI de Serviços, referente ao mês de agosto, na terça-feira, que deve confirmar um resultado ainda distante do nível de expansão para o setor. No mesmo dia, teremos o índice ISM de Serviços referente ao mesmo período, para o qual se espera desaceleração.
Na Área do Euro, destaque a decisão de política monetária na quinta-feira. Esperamos um novo aumento de 0,50 p.p. na sua principal taxa de juros, que assim passaria de 0,00% para 0,50%. Entretanto, não pode ser descartado um aumento ainda maior, de 0,75 p.p., em função das sucessivas surpresas altistas para a inflação no bloco. Na quarta teremos a divulgação do dado final para o PIB da Zona do Euro, que deve mostrar avanço idêntico ao da última prévia.