Ata do Copom é o destaque da semana
Nesta semana, atenções do mercado doméstico estarão voltadas para a divulgação da ata do Copom. Após optar pelo corte de 100 basis poins da taxa Selic e chamar atenção para a elevação dos riscos do cenário político-econômico, a divulgação da ata do Copom (terça-feira) é o principal assunto da agenda econômica desta semana. Na reunião do Copom, o BCB decidiu, de forma unânime e em linha com as expectativas, reduzir a Selic de 11,25% para 10,25% a.a., mantendo o ritmo de corte da última reunião. No comunicado, a autoridade monetária mostrou um tom mais rígido do que aquele que vinha sendo apresentado. A instituição justificou a decisão alegando que:
- o cenário externo tem se mostrado favorável,
- a atividade segue em processo de estabilização no curto prazo e que terá recuperação ao longo do ano, mesmo diante das novas incertezas oriundas do ambiente político e
- o processo de desinflação segue difundido, alcançando os itens mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.
A Ata do Copom deve defender que a manutenção do ritmo de corte da Selic em 100 pontos-base foi adequada no momento, entretanto, deve enfatizar que o crescimento substancial das incertezas em relação à evolução das reformas estruturais deve pesar sobre a definição das próximas ações de política monetária. Teremos ainda um maior detalhamento sobre os parâmetros utilizados nas projeções de inflação. De forma geral, avaliamos que a mensagem mais importante, que trata da redução no ritmo de corte de juros, já foi apresentada por meio do comunicado divulgado após a reunião do Copom. Ainda assim, cabe uma avaliação cuidadosa do documento em busca de sinais adicionais. As expectativas de inflação do mercado seguem ancoradas, com a projeção do IPCA 2017 no relatório Focus recuando de 4,1% para 4,0% e do IPCA 2018 caindo de 4,5% para 4,4%. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, já havia tido que a instituição não deveria reagir de forma mecânica aos choques, sem considerar os efeitos secundários. No entanto, o BCB considerou a necessidade de acompanhamento dos efeitos da incerteza política nas expectativas inflacionárias.
Além disso, a agenda doméstica contará com os dados de inflação, que seguirão dando suporte ao ciclo de queda de juros, à medida que a tendência de desinflação deverá ser reforçada. O IGP-DI (quarta-feira) deve mostrar alívio no ritmo de deflação, ao passar de -1,24% para -0,55% em maio. A menor deflação dos grãos, a alta no preço dos Combustíveis devido ao reajuste da Petrobras e o fim do efeito da devolução dos encargos indevidos de Angra III ajudam a explicar o movimento.
O IPCA (sexta-feira) deve acelerar de 0,14% para 0,48%, refletindo a dissipação da devolução dos encargos indevidos de Angra III, a alta sazonal do grupo Vestuário e a intensificação do ritmo de alta das Despesas Pessoais, que deve ser impulsionada pela reversão da deflação do subgrupo de Recreação e pela aceleração moderada dos Serviços pessoais. Essa aceleração em relação a abril deve refletir a elevação das tarifas de energia elétrica e dos preços de vestuário. No entanto, considerando a variação dos últimos doze meses, os preços ao consumidor continuarão desacelerando, passando de uma alta 4,08% para outra de 3,74%.
Dentre os indicadores de atividade, depois de ter sido reportado pela Fenabrave o aumento dos emplacamentos de veículos no mês passado, destacamos o resultado da produção de veículos de maio, que será divulgado pela Anfavea na terça-feira. Por fim, ainda teremos na quinta-feira a divulgação do 9º Levantamento da safra agrícola, pela Conab, que deve confirmar a forte expansão da produção de grãos deste ano.
A agenda externa de indicadores contará com a divulgação, na quarta-feira, dos dados da balança comercial da China referentes a maio, importantes para monitorar a intensidade da desaceleração tanto da demanda chinesa como da externa neste segundo trimestre. Também conheceremos na quinta-feira os índices de inflação ao produtor e consumidor da China, de maio, com destaque para a continuidade da deflação dos preços no atacado, em resposta à queda dos preços internacionais das commodities. Por fim, não esperamos alteração da taxa de juros nem do programa de compra de ativos na Área do Euro, em decisão que será anunciada após a reunião do Banco Central Europeu, na quinta-feira.