Na agenda doméstica o destaque fica por conta do IPCA de junho (sexta-feira), que deve mostrar um quadro inflacionário ainda bastante elevado e disseminado. O índice deve acelerar de 0,47% para 0,69%, influenciado pelos preços administrados, voltando a acelerar na visão acumulada em 12 meses, de 11,73% para 11,85%. A alta do mês deve ser puxada por um conjunto de fatores, com destaque para o reajuste de até 15,50% dos planos de saúde (autorizado pela ANS), pela continuidade do movimento de alta dos preços dos serviços, diante do ritmo mais forte da atividade, além da dissipação dos efeitos baixistas da mudança da bandeira tarifária nas contas de energia elétrica.
No entanto, a aprovação do projeto que limita a alíquota do ICMS (e que já começou a ser aplicado por alguns Estados) em alguns itens, além da desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis devem contribuir para conter a alta inflacionária neste ano, como visto nas projeções do mercado, que começam a migrar de cerca de 9,0% para números abaixo de 8,0%. No entanto, dado que alguns projetos são temporários (até o fim do ano), parte da queda atual da inflação deve voltar em 2023.
Na quinta-feira, o IGP-DI de junho deve desacelerar para 0,69% para 0,61%, puxado por produtos agropecuários (soja, milho, leite in natura e cana-de-açúcar). O avanço deve ser puxado pela inflação aos consumidores, enquanto os preços no atacado devem seguir mostrando alguma moderação, especialmente nos itens agropecuários. De toda forma, em 12 meses, o índice deve voltar a acelerar, indo de 10,54% para 11,10%.
Conheceremos ainda na semana (terça-feira) os números da produção industrial de maio, que deve crescer em relação ao mês anterior, em linha com a expectativa de um crescimento robusto do PIB no trimestre encerrado em junho. O indicador deve subir 0,7% (M/M) em maio, refletindo a melhora da confiança (1,5%, índice da expectativa da indústria, FGV). Também dá suporte à avaliação, a produção de veículos (12,0%, Anfavea), o fluxo de veículos pesados nas estradas (8,0%, ABCR), a expedição de papel ondulado (4,9%, ABPO) e o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria (1,3%, FGV). Este deve ser o quarto avanço mensal seguido da indústria, reforçando o comportamento mais positivo do setor nas últimas leituras, além de manter a perspectiva de nova contribuição positiva para o PIB do trimestre. O resultado de maio deve seguir impulsionado pela demanda externa, além de alguma recuperação da produção de veículos, de importante peso no setor industrial.
Os dados do setor automotivo de junho também serão divulgados na semana. A Fenabrave divulga o emplacamento (terça-feira) e a Anfavea divulga a produção (sexta-feira). Após melhora nos últimos meses, as divulgações podem indicar alguma piora, diante da paralisação de algumas montadoras no período, refletindo a falta de insumos, agravada pelos recentes lockdowns na China.
Na agenda internacional, o foco será o relatório de emprego dos EUA de junho, que será divulgado na sexta. Além do ritmo de criação de vagas de trabalho, a atenção também estará voltada para os números de salário. Ainda nos EUA, a ata da última reunião de política monetária daquele país será apresentada na quarta-feira e deve ajudar a calibrar as projeções para a taxa de juros americana. Por fim, também na quarta-feira, teremos o resultado de maio das vendas do varejo na Europa.