qui no Brasil, o calendário de indicadores econômicos é intenso, com PIB/2TRI, produção industrial, dados fiscais e grande movimento no Congresso, onde o governo entrega hoje o Orçamento/2021 e, amanhã, apresenta a proposta de prorrogação do auxílio emergencial até o final do ano. Está prevista também a análise dos vetos presidenciais (desoneração da folha e saneamento) e a votação do marco do gás.
Ainda nessa semana, espera-se que seja divulgado o plano econômico de reestruturação fiscal e social por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na semana passada, o plano chamado de Pró-Brasil foi duramente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, o que causou um temor de que o governo estaria se afastando da agenda liberal e pendendo para uma agenda mais populista, com a intenção de buscar a reeleição em 2022.
Na terça-feira, o PIB do 2º trimestre de 2020 deve mostrar queda de 8,4% (T/T), refletindo os efeitos negativos do COVID-19 na economia. Se nossa estimativa for confirmada, essa será a maior contração trimestral da história. Sob a ótica da oferta, o destaque deve ser a Indústria (-14,4%), seguido de Serviços (-8,1%). Limitando o movimento negativo, destaque para o setor Agropecuário (1,9%). Sob a ótica da demanda, o destaque negativo deverá ser o investimento, refletindo o alto grau de incerteza trazido pela pandemia do COVID-19. Como limitador da trajetória negativa, o destaque deverá ficar com os gastos do governo, impulsionado pela liberação dos auxílios emergenciais. Apesar da expectativa de forte contração, nossa projeção está acima da mediana de mercado (-9,4%, T/T).
A produção industrial de julho será divulgada na quinta-feira e deve crescer 7,9% (M/M). Dá suporte à avaliação, a forte produção de veículos (64,2%, M/M, Anfavea), a melhora da confiança, o maior nível de Utilização da Capacidade Instalada (8,6%), a redução da incerteza, a produção de aço (3,5%, M/M) e o aumento no consumo de energia elétrica. No decorrer da semana, ainda sem data definida, a Fenabrave deve publicar seus dados de agosto sobre as vendas de veículos. Acerca dos índices de preços, os IPCs da 4ª quadrissemana de agosto devem ser conhecidos no decorrer da semana. O elaborado pela FGV deve acelerar suavemente, puxado por alimentos e (cereais, óleos e gorduras, e carnes) e por despesas com viagens. Referente ao levantamento da FIPE, o índice deve acelerar levemente, impulsionado por alimentos e energia elétrica.
No cenário internacional na última semana, o mercado se animou com as declarações do presidente do Fed de que a taxa de juros norte-americana deve continuar em baixa para auxiliar na recuperação da economia.
Nesta semana, o mercado irá voltar os olhos para os indicadores que serão usados para medir a recuperação econômica da Ásia, Europa e EUA, com destaque especial para o Payroll na sexta-feira. O ritmo de retomada da economia americana continuará no radar com a divulgação de importantes indicadores de atividade e do mercado de trabalho. Ainda nesta semana, membros do Fed discursarão.
Na agenda europeia, destaques para as leituras finais de agosto dos PMIs industriais (terça-feira) e de serviços (quinta-feira), os quais após superarem os níveis anterior ao choque da COVID-19 deverão permanecer em expansão, sustentando a perspectiva de crescimento em 3T20. As expectativas para o PMI industrial indicam 53,0 pontos na Alemanha e 51,7 na Zona do Euro. Para o PMI de serviços, por sua vez, é esperado 50,8, 50,1 e 60,1 na Alemanha, Zona do Euro e Reino Unido, respectivamente. Na terça-feira, a taxa de desemprego de julho na Zona do Euro deverá avançar de 7,80% para 8,0. Neste mesmo dia, as projeções para a prévia do CPI de agosto indicam desaceleração de 0,4% para 0,2% (M/M), enquanto o PPI (quarta-feira) deve manter deflação em –3,40% (M/M) em julho. Por fim, as vendas do varejo (quinta-feira) de julho devem desacelerar de 5,70% para 1,5% (M/M).
Na China, as sondagens industriais e de serviços de agosto deverão manter-se estáveis nos patamares expansionistas. Na abertura serão divulgados os indicadores da NBS, seguidos pelas leituras da Caixin com PMI industrial na segunda-feira e serviços na quinta-feira.
